Os consumidores querem saber o que comem! E estão cada vez mais atentos à informação que vem nos rótulos. Um estudo publicado em 2005 pela European Food Information Council (EUFIC Fórum) e que reflecte a atitude dos consumidores face à rotulagem e informação nutricional, revela que os consumidores têm muitas dúvidas e querem ser melhor esclarecidos. De uma forma geral, reconhecem a importância da informação nutricional da rotulagem, mas admitem que tem dificuldade em interpretá-la. No fundo, o que lhes prende a atenção são as calorias e a gorduras. Porém, depois têm dificuldade em transpor a referência das 100 g /100ml para o que ingerem diariamente.
A rotulagem é sem dúvida uma importante base de informação nutricional. Porém, os resultados do estudo da EUFIC Fórum, que inquiriu consumidores de Lion (França), Hamburgo (Alemanha), Milão (Itália) e Londres (UK), revelam o que falha na rotulagem dos produtos:
Os consumidores precisam de informação nutricional fácil de interpretar. Em vez de excessivos, os dados devem ser hierarquizados de forma a perceber-se o que é importante. Importa ainda ter referências claras que ajudem a avaliar se a ingestão de um determinado produto respeita o Valor Diário de Referência;
Os consumidores querem ter a informação simplificada (símbolos, códigos). Percebem que nem tudo pode constar dos rótulos. Contudo, avaliam que a rotulagem deve ser mais atractiva à leitura e fácil de interpretar, já que é uma ferramenta que ajuda a fazer as escolhas mais saudáveis;
Os consumidores querem que os rótulos sejam mais claros e fáceis de ler, mais consistentes e uniformizados, dentro da mesma categoria de produtos;
A imagem das embalagens deve ser simples, atractiva e bem estruturada. Todas as informações disponibilizadas devem ser claras;
As etiquetas devem ter um espaço destinado às entidades que certificam o produto, de preferência uma entidade europeia.
Em suma, no estudo da EUFIC Fórum os consumidores declaram que querem que as escolhas saudáveis façam parte das suas vidas diárias. Por isso, é importante que a informação disponibilizada seja acessível e clara.
Rotulagem nutricional – O que significa ?
A maior parte dos produtos alimentares disponibilizam informação nutricional nas suas embalagens que informam os consumidores sobre a contribuição dos nutrientes ingeridos. As necessidades energéticas variam de acordo com a idade, o peso, a altura, a actividade física e o sexo da pessoa. Uma alimentação equilibrada é aquela em que a energia consumida (calorias) tem origem entre 50-55% em hidratos de carbono, entre 30-35% em gorduras; e entre 10-15% em proteínas.
A tarefa diária de fazer a escolha mais saudável e equilibrada não é fácil. Por isso existem Valores Diários de Referência relacionados com a ingestão energética, definidos de acordo com a idade e o sexo, e estabelecidos da seguinte forma (tomando por base os indivíduos com peso e médio):
Uma criança deve ingerir aproximadamente entre 1.200 a 2.000 kcal por dia;
Um adolescente, entre 2.200 a 3.000 kcal
Uma mulher adulta, entre 1.800 e 2.200 kcal
Um homem adulto, entre 2.200 a 2.700 kcal
A informação nutricional não é mais do que a composição nutricional do alimento, ou seja, a sua composição média em termos de nutrientes e valor energético.
A actual legislação permite a apresentação da informação nutricional sob duas formas:
– Simples, que menciona apenas o valor energético do alimento e o seu conteúdo em proteínas, hidratos de carbono (também conhecidos por glícidos) e lípidos (também conhecido por gorduras);
– Mais completa que, para além dos dados anteriores, apresenta o teor em açúcares, ácidos gordos saturados (lípidos saturados), fibras alimentares e sódio;
Na informação nutricional ainda pode ser incluída – caso existam nesse alimento – as quantidades de amido, polióis, ácidos gordos monoinsaturados, ácidos gordos polinsaturados, colesterol, vitaminas e sais minerais.
Toda a informação nutricional deve ser expressa por 100gr ou por 100 ml do alimento , podendo ainda ser mencionada por dose, quantificada no rótulo, ou por porção.
Informação nutricional por 100g
Valor energético……………KJ / Kcal
Proteínas……………………………gr
Hidratos de Carbono…gr
Lípidos…………………………………gr
O que significa:
Valor energético ou valor calórico é a soma da energia (calorias) fornecidas pelos proteínas, hidratos de carbono , lípidos e álcool.
Proteínas são substâncias que fazem parte da constituição dos alimentos, responsáveis pelo crescimento, manutenção e reparação dos órgãos, tecidos e células. Encontram-se em alimentos de origem animal e vegetal, sobretudo o leite, iogurte, queijo, ovos, carne, aves, pescado e leguminosas secas (feijão, grão-de-bico…);
1 grama de proteínas fornece 4 Kcal (-/+16 KJ).
Hidratos de carbono ou glícidos, estes componentes são a principal fonte de energia para a nossa actividade física e para as funções do nosso organismo. Encontramo-las nos cereais e derivados (arroz, farinhas, massas, flocos, pão), leguminosas secas (feijão, grão de bico…), tubérculos (batata, batata doce, mandioca, inhame…), frutos, açúcar de mesa e mel. 1 grama de h. carbono fornece 4 kcal (-/+16 KJ).
Açúcares, podem assumir diferentes formas. O açúcar propriamente dito (sacarose), açúcares do mel (açúcares invertidos) e açúcar dos frutos (frutose), por exemplo. Aparecem nos mais diversos produtos alimentares, aos quais são adicionados como ingredientes.
Alerta: O seu consumo excessivo contribui para a cárie dentária, aumento de peso corporal e diminuição da ingestão de outros produtos alimentares mais nutritivos.
Polióis, presentes de forma natural em alguns alimentos, podem também ser produzidos industrialmente e utilizados pela indústria agro-alimentar para obter produtos com baixo valor energético. Exemplos, sorbitol, manitol, xilitol…
Alerta: O seu consumo excessivo pode ter efeito laxante.
Amido, é um hidrato de carbono complexo presente em grande percentagem nos cereais e derivados (arroz, farinhas, massas e flocos), nas leguminosas secas (feijão, grão-de-bico, favas…) e nos tubérculos (batata…).
Alerta: Uma alimentação equilibrada deve ser rica em amido.
Sódio, existe no sal de cozinha e de mesa, águas engarrafadas e refeições pré-cozinhadas.
Atenção: o seu consumo excessivo pode levar ao desenvolvimento de hipertensão (tensão arterial elevada).
Lípidos ou gorduras são grandes fornecedores de energia uma vez que 1 grama de lípidos fornece 9 Kcal (-/+ 37 Kj). São, no entanto fundamentais para o nosso organismo, porque são os “transportadores” das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e entram na constituição de diversas estruturas celulares. Existem em alimentos de origem animal e vegetal, exemplo da manteiga, banha, toucinho, natas, gema de ovo, gorduras de constituição das carnes, aves e pescado, azeite, óleos, margarinas, creme vegetais para barrar, frutos secos e alguns frutos tropicais (pêra abacate, coco).
De acordo com a sua estrutura química, as gorduras dividem-se em:
– Gorduras saturadas, fazem parte da gordura de constituição das carnes, peles de aves, produtos de charcutaria e óleos parcialmente hidrogenados, que constam da lista de ingredientes de muitos produtos alimentares processados (produtos de confeitaria, pastelaria), no leite gordo e seus derivados (nata, manteiga).
Alerta: O seu consumo não deverá exceder os 10% do valor energético total, uma vez que este tipo de gordura está associado ao aumento do risco de doença cardiovascular, aumento do colesterol sanguíneo, principalmente do LDL “mau colesterol” e de alguns tipos de cancro.
– Gorduras monoinsaturadas, o azeite é sem dúvida o melhor exemplo. Mas também podemos encontrar estas gorduras em alimentos como os cremes vegetais para barrar, óleo de amendoim e frutos secos (nozes, amendoim).
Alerta: Bem toleradas pelo organismo, estas gorduras raramente originam lesões celulares pois não promovem a formação de radicais livres.
– Gorduras polinsaturadas, dada a dificuldade que tem em sintetizá-las a partir de outras substâncias, o nosso organismo tem que obter estas gorduras (ómega 6 e o ómega 3), através da alimentação.
Alerta: Fundamentais na resposta à infecção e na protecção contra as doenças cardiovasculares, podem encontrar-se estas gorduras nos cremes vegetais para barrar, nos óleos vegetais, peixes como o salmão ou a sardinha, legumes de cor verde escura.
Colesterol, normalmente ouvimos falar do colesterol como uma substância que existe em excesso no organismo. O que poucas pessoas sabem é que alguns alimentos fornecem colesterol. Podemos encontrá-lo no fígado e outras vísceras de animais, produtos de charcutaria, gema de ovo, bacalhau, ovas de peixe, polvo, lulas, camarão e produtos lácteos gordos.
Alerta: O colesterol sanguíneo elevado é factor de risco para o surgimento de doença cardiovascular.
Fibras alimentares: apenas é possível encontrá-las em alimentos de origem vegetal – cereais e seus derivados “pouco refinados”, ou seja, os mais escuros que contêm a camada externa dos grãos de cereais que lhe dão origem. Podemos encontrá-las também nas leguminosas secas, frutos e produtos hortícolas (hortaliças e legumes).
Alerta: Ingeri-las diminui o risco de obstipação, obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e diferentes tipos de cancro.
Recomendações para uma escolha saudável
– Ler atentamente os rótulos –
Prefira produtos alimentares com baixo teor de lípidos (sobretudo saturados) e colesterol;
Não se esqueça que na lista de ingredientes estes são mencionados seguindo a ordem decrescente do peso que tem no produto;
Verifique a quantidade de sódio. O melhor é diminuir a ingestão de produtos ricos em sódio e a quantidade de sal que utiliza nos cozinhados;
Verifique a quantidade de fibras alimentares. Optar por produtos alimentares cujo conteúdo seja equilibrado em fibras;
Verifique a quantidade de hidratos de carbono. Prefira produtos alimentares ricos em amido e pobres em açúcar;
Verifique os prazos de validade e o estado das embalagens:
Não adquira embalagens danificadas (amolgadas, inchadas ou com sinais de ferrugem);
Rejeite produtos congelados e/ou ultracongelados que apresentem cristais de gelo no interior da embalagem ou se esta se encontrar húmida. Isto poderá significar que os produtos sofreram descongelação ou que a rede de frio não foi mantida constante;