Atribuir a culpa dos incêndios ao eucalipto é tão insólito quanto querer resolver os problemas do SNS no verão desaconselhando comer bacalhau à Brás nos piqueniques.
A ladainha é conhecida, de tão repetida todos os anos: chega-se o Verão, iniciam-se os incêndios, procuram-se leituras mais ou menos inovadoras do problema e respetivas causas, aparece um pico de condições meteorológicas particularmente adverso… e retiramos o eucalipto do armário.
Para qualquer especialista, é difícil resistir, com as câmaras e os microfones à frente, a identificar um responsável pela tragédia, não vá a audiência achar que não percebemos o suficiente do assunto. Ainda para mais uma explicação tão simples que toda a gente compreende. No entanto, para não parecer que ficámos parados no tempo, vamos juntando algumas inovações: são os voláteis inflamáveis que se libertam, são as particularidades da casca, são as caraterísticas das projeções à distância. Enfim, verdadeiros poços de sabedoria.
Acabe-se com o eucalipto que o fogo vai logo ao sítio! Estamos a perceber bem? Pelo teor das culpas que se atribuem ao eucalipto, numa semana com as caraterísticas meteorológicas como a que atravessámos, é óbvio que, se não tivéssemos eucaliptos, os incêndios florestais não existiam. Ou eram um problema muito mais pequeno. Vá lá, […]