COPAR ou como é possível ter 12 aviões em simultâneo a combater o mesmo incêndio

Aeronaves trabalham em parelha e em carrossel para garantir uma maior eficácia no combate às chamas

O incêndio que deflagrou no domingo em Murça e que na noite de segunda-feira se estendeu aos concelhos de Vila Pouca de Aguiar e de Valpaços continua a lavrar com intensidade e esta manhã chegou a mobilizar 12 meios aéreos para o combate às chamas, além de centenas de operacionais no terreno. Esta operação exige uma elevada capacidade de organização e coordenação das aeronaves com os meios terrestres, responsabilidade que cabe a um só elemento – o Coordenador de Operações Aéreas (COPAR), um elemento de comando da Proteção Civil.

O COPAR está encarregue precisamente da coordenação dos meios aéreos e do apoio técnico especializado caso estejam envolvidos na mesma operação mais de duas aeronaves de combate a incêndios.

Miguel Almeida, investigador do Centro de Estudos de Incêndios Florestais, explica à CNN Portugal que é este elemento – que está a coordenar as operações desde o solo e que também pode contar com a “orientação de um meio aéreo” (o chamado COPAR a bordo ou COPAR-Ar) – que solicita as descargas de água numa coordenada específica para combater as chamas, consoante a avaliação no terreno.

Toda a operação – do scooping (reabastecimento de água) à descarga – é feito “em parelha”, ou seja, as aeronaves funcionam sempre em dupla de forma a garantir que a descarga cumpre o objetivo pretendido e acerta na coordenada.

Além de funcionarem em parelha, estas operações de combate a incêndios que envolvem várias aeronaves decorrem habitualmente “em carrossel”, nome que designa a manobra em que vários aviões efetuam descargas sucessivas “para uma maior eficácia”, acrescenta Paulo Severino, especialista em proteção civil.

No caso dos imprevistos, como a mudança de direção repetina das chamas, os especialistas reconhecem que este é um “cenário perigoso”, mas para o qual os elementos de comando e os pilotos já estão preparados. Aqui as decisões têm de ser tomadas em contrarrelógio para se proceder a uma readaptação dos meios, indica Miguel Almeida.

“Esse é um cenário que acarreta riscos. No posto de comando operacional, os meios têm sempre acesso às previsões meteorológicas do IPMA e estabelecem a estratégia com base nisso”, esclarece.

Tendo em conta que o IPMA prevê apenas os “ventos meteorológicos”, os “ventos locais” motivados pela força das chamadas obrigam a uma “readaptação” dos meios, assumindo assim uma “operação mais tática do que estratégica”, uma vez mais a cargo do Coordenador de Operações Aéreas.

Veja a reportagem na CNN Portugal.


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