A Associação Natureza Portugal, em associação com a WWF (ANP/WWF), pediu hoje o reforço do financiamento direcionado à prevenção de incêndios, alertando que Portugal não está preparado para os eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes.
“Os eventos climáticos extremos vão ser cada vez mais frequentes e cada vez mais graves, no entanto continuamos a não estar preparados para as consequências que daqui advêm”, aponta a diretora de políticas e conservação ANP/WWF em comunicado.
No entender de Catarina Grilo, apesar da situação de incêndios rurais em Portugal, o país “não está ainda inteiramente preparado para o risco associado às temperaturas elevadas”, incluindo no que respeita à gestão do território e da paisagem.
Perante esse diagnóstico, a ANP/WWF defende a necessidade urgente de medidas de adaptação e mitigação dos fenómenos climáticos extremos e o reordenamento da paisagem, medidas com vista à prevenção de incêndios.
Em concreto, a associação ambientalista aponta, desde logo, como medida necessária o reforço do financiamento destinado, por exemplo, ao Programa de Transformação da Paisagem, que considera insuficiente em termos de abrangência geográfica, e a reformulação do Plano Estratégico para a Política Agrícola Comum.
Sobre a gestão e ordenamento da paisagem, refere a aposta na paisagem em mosaico, que diz ser mais eficiente aos grandes incêndios, a aposta na gestão ativa de florestas de produção e na remuneração por serviços de ecossistema a quem se comprometer com a gestão da floresta responsável.
A ANP/WWF defende também limites ao uso do eucalipto não gerido, que a paisagem seja repensada também ao nível da pastorícia, a reorganização das populações dispersas para acautelar a função económica de cada território, e a certificação floresta.
Catarina Grilo sublinha ainda a importância de intervir nas áreas ardidas com o objetivo de estabilizar o solo, promover mosaico da paisagem e recuperar a biodiversidade.
“Na sequência de um grande incêndio, além de se reverem as falhas na capacidade de extinção e na resposta a emergências, devem ser envidados esforços para recuperar a paisagem, abordando as principais causas e promovendo a adaptação e a resiliência social e ambiental”, refere.
Este ano, os incêndios florestais já consumiram 57.940 hectares, mais do dobro do que em todo o ano de 2021, segundo dados provisórios do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.