O Banco Mundial vai apoiar as iniciativas do Programa Alimentar Mundial (PAM) para combater a insegurança alimentar e a fome no Sudão com 100 milhões de dólares, cerca de 98,3 milhões de euros, anunciou hoje a instituição.
Em comunicado, a instituição com sede em Washington afirma que os fundos servem para “financiar diretamente” esta agência das Nações Unidas num novo “Projeto de Redes de Segurança de Emergência no Sudão” para combater a “profunda insegurança alimentar” que esta nação africana atravessa.
Apontando as “más colheitas e o aumento dos preços internacionais dos alimentos”, o Banco Mundial diz que o apoio financeiro será dado ao abrigo do Fundo Fiduciário de Apoio à Recuperação e Transição no Sudão, distribuindo ajuda a 11 estados deste país, definidos pela valoração da vulnerabilidade definida pelo PAM.
“Apesar de o financiamento ao governo do Sudão estar suspenso na sequência do golpe de estado militar de outubro de 2021, os parceiros do desenvolvimento estão contentes por poder dar apoio direto ao povo sudanês neste momento crucial”, disse o diretor do Banco Mundial para Eritreia, Etiópia, Sudão e Sudão do Sul, Ousmane Dione, citado no comunicado.
A notícia do financiamento surge no mesmo dia em que a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), um bloco económico de oito nações da África Oriental, alertou para a probabilidade de mais de 50 milhões de pessoas irem sofrer este ano de “altos níveis de insegurança alimentar aguda”.
De acordo com a edição de 2022 do seu relatório “IGAD Regional Focus on Food Crises”, os países afetados são: Djibuti, Etiópia, Quénia, Somália, Sudão do Sul, Sudão e Uganda.
A “insegurança alimentar aguda” corresponde à fase 3 (crise) das cinco fases da Classificação da Fase Integrada de Segurança Alimentar (IPC), sendo a fase 4 subsequente uma “emergência” e a fase 5 uma “catástrofe”.
Numa declaração também apoiada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e pelo PAM, a IGAD observa que mais de 50 milhões de pessoas irão sofrer com a fase 3 “ou pior”.
Além disso, a Etiópia, o Quénia, a Somália, o Sudão do Sul e o Sudão estão a enfrentar as maiores crises alimentares da região.
Espera-se que cerca de 300.000 pessoas enfrentem uma catástrofe (Fase 5) na Somália e no Sudão do Sul em 2022, com risco de fome em oito áreas da Somália, até setembro, se a produção agrícola e pecuária for escassa, os custos alimentares aumentarem e a assistência humanitária não aumentar.
“A nossa região foi atingida como nunca”, disse o secretário-executivo da IGAD, Workneh Gebeyehu, expressando receios de que os números possam aumentar porque “as perspetivas para a estação chuvosa de outubro a dezembro são sombrias”.
“A combinação de extremos climáticos, conflitos e desafios macroeconómicos torna quase impossível para as nossas comunidades, de outro modo resistentes, resistir a múltiplos choques”, acrescentou Workneh.