vinhos incendios

Produzir vinho para lutar contra os incêndios: o caso de Travessa, Pampilhosa da Serra

Sem gente e sem agricultura, o mundo rural será um barril de pólvora cada vez maior. É necessário colocar na ordem do dia a urgência de pagarmos mais pelos serviços que as populações rurais nos prestam, na defesa e protecção da paisagem e da biodiversidade.

Início da tarde da passada terça-feira. Acabo de me cruzar à saída de Vila Real com uma coluna de viaturas dos bombeiros a caminho de um incêndio em Murça e Valpaços. Vêm de Camarate, Merceana, Ajuda, a centenas de quilómetros de distância. É emocionante ver este movimento solidário a cruzar o país, de homens e mulheres que arriscam a vida a lutar contra o fogo bem longe de casa, muitas vezes em lugares de que nunca ouviram falar.

Este movimento de autotanques, camiões, jipes, faz lembrar um cenário de guerra – e não é muito diferente, na verdade. À sua espera, suplicando, estão numerosas milícias de populares que tentam salvar as suas casas com o que podem. São todos vítimas do caos instalado na floresta nacional, por mau ordenamento ou simplesmente pelos efeitos da desertificação do mundo rural. Nas aldeias a esvaziarem-se de gente, os matos e a floresta espontânea foram-se aproximando das casas e das hortas.

Vê-se a televisão e há uma frase que se repete em todo o lado: “Nunca vi nada igual!”. No calor da tragédia, tendemos a dramatizar. Sempre houve incêndios florestais. De resto, o fogo é um dos elementos naturais de que depende a vida. A diferença é que, antes, os montes juntos às aldeias eram limpos, para acender a lareira e fazer as camas do gado. E antes havia mais gente e mais gado nas aldeias do país. Quando ocorria um incêndio, raramente ameaçava as casas. As condições climáticas também têm mudado e há momentos, quando se conjugam altas temperaturas, humidades baixas e ventos fortes, em que nem o melhor dispositivo de combate é capaz de estancar a progressão do fogo.

Um mundo rural em mosaico continua a ser a melhor arma contra os incêndios. Parcelar a floresta de pinheiros e eucaliptos com manchas de carvalhos e outras árvores mais resistentes ao fogo, de modo a criar áreas tampão, é uma solução […]

Continue a ler este artigo em Público.


Publicado

em

, ,

por

Etiquetas: