A integração do HACCP com outros sistemas – Rui Almeida

O Sistema HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Points – Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controlo) está implementado na maioria das centrais hortofrutícolas do nosso país. Esta realidade foi conseguida quer pela necessidade de cumprimento de requisitos legais quer por necessidades de ordem comercial.

No entanto, a aplicação deste Sistema na indústria hortofrutícola tem dois factores chave que contribuem para a integração com outros sistemas:

1. Por um lado, é necessário garantir, junto da produção, a obtenção de matérias-primas seguras: isentas de contaminações com microorganismos, metais pesados, resíduos de pesticidas, etc. Isto consegue-se cumprindo um conjunto de regras e de boas práticas agrícolas que podem ser garantidas por diferentes tipos de certificação, entre as quais:

EUREPGAP – Protocolo desenvolvido pelo grupo EUREP (Euro-Retailer Produce Working Group), com o objectivo de minimizar os impactos adversos ao meio ambiente e à protecção do trabalhador. Este protocolo estabelece uma estrutura de Boas Práticas Agrícolas (em Inglês GAP – Good Agricultural Practices) nas Unidades de Produção que define os elementos essenciais para o desenvolvimento da melhor prática para a produção global de produtos hortofrutícolas.

NATURE’S CHOICE – Esquema de gestão integrada de explorações, desenvolvido pela TESCO (Retalhista do Reino Unido). Este esquema, para além de um conjunto de regras ligadas à produção agrícola, implica a existência de um plano de gestão ambiental detalhado que proteja e promova a biodiversidade.

2. Por outro lado, podemos certificar o Sistema HACCP, mas a mensagem que passamos para o consumidor é a do cumprimento de uma obrigação legal, ou seja, a diferenciação é praticamente nula. Por isso, muitas organizações têm procurado complementar o HACCP com outros Sistemas de Gestão da Segurança Alimentar certificáveis e com maior interesse do ponto de vista comercial, nomeadamente:

BRC – British Retail Consortium – Protocolo desenvolvido em 1998 pela Associação de retalhistas do Reino Unido, com o objectivo de assegurar que todos os seus fornecedores cumprem todas as obrigações legais e garantem a protecção dos seus clientes, estabelecendo uma série de requisitos

IFS – International Food Standard – Standard desenvolvido pelos retalhistas Alemães e Franceses, com a intenção de reduzir custos e trazer transparência a toda a cadeia alimentar. A necessidade de desenvolver este standard adveio da multiplicidade de exigências que eram feitas a cada cliente, com a finalidade de assegurar que o fornecedor é capaz de fornecer produtos seguros, de acordo com as especificações e em conformidade com a legislação vigente

NP EN ISO 22000:2005 – Esta norma foi desenvolvida com o objectivo de harmonizar a um nível global os requisitos para a gestão da segurança alimentar em todos os elos da cadeia alimentar. Este standard internacional especifica os requisitos de um sistema de gestão da segurança alimentar que combina os princípios do sistema HACCP com os requisitos de boas práticas de fabrico dentro da estrutura de um sistema de gestão.

Figura 1 – Exemplo da integração do HACCP com outros sistemas

Cada vez mais, a integração de sistemas de boas práticas agrícolas com sistemas de gestão da segurança alimentar contribuem de forma decisiva para a melhoria do desempenho das empresas no mercado mundial. Assim, torna-se necessária uma visão global e integrada aquando da definição do Plano Estratégico das empresas, em concordância com a decisão dos Sistemas de Gestão da Segurança Alimentar a implementar, assegurando a complementariedade dos sistemas implementados e a obtenção de vantagens competitivas e de diferenciação com a certificação dos mesmos.

Rui Almeida
Director Técnico da CONSULAI

Implementação da Norma ISO 22000:2005 – Rui Almeida


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