Rui Rocha

Os quatro cavaleiros do Apocalipse – Rui Rocha

O envelhecimento, o despovoamento, a seca e os incêndios são, descontando o exagero, os quatro cavaleiros do Apocalipse que afligem o interior e o mundo rural. É neste contexto que a agricultura pode assumir um papel decisivo.

A agricultura é vida. É, desde logo, vida para aqueles que consomem os produtos da atividade agrícola. É vida para quem faz da agricultura uma atividade económica e nela encontra, ou pelo menos procura, o seu sustento. É vida também na medida em que pode dar um contributo essencial para revitalizar o interior e o mundo rural e em que pode assumir um papel fundamental na gestão da paisagem e do fogo.

Todavia, para que isso aconteça, é indispensável que os responsáveis governativos, nomeadamente o primeiro-ministro e a ministra da Agricultura, estejam finalmente disponíveis para assumir as suas responsabilidades e que não tenham receio de defender duas posições políticas fundamentais.

A primeira delas consiste na coragem de combater todas as posições que, partindo do negacionismo da agricultura como atividade económica fundamental, mais não fazem do que condenar o interior e o mundo rural e, com isso, o próprio país à estagnação, à decadência e à implosão económica e social.

A segunda posição política consiste na afirmação desse papel fundamental da agricultura dentro do próprio Governo, recolocando sobre a mesa a primazia das atividades produtivas. Entendamo-nos: as preocupações ambientais são, naturalmente, extremamente relevantes, mas não podem constituir um travão, muitas vezes insuperável, que asfixia as atividades económicas e que conduz ao empobrecimento. Na relação com os outros ministérios, a Agricultura não pode continuar no fundo da tabela das prioridades políticas.

Não é possível continuar a adiar a afirmação destas posições. Só a coragem política necessária permitirá colocar, por exemplo, uma estratégia nacional da água no centro dos investimentos estruturantes do país, promovendo o seu armazenamento, distribuição, aproveitamento eficiente e dessalinização onde for necessário.

O país conhece agora um exemplo notável, com o Alqueva, de como a gestão da água pode contribuir de forma decisiva para a transformação estrutural de uma região, mudando o seu destino e o dos que habitam esse território. A água, o conhecimento, a inovação e a criação de um contexto favorável ao investimento e ao desenvolvimento económico podem colocar a agricultura no centro de um processo que permitirá reproduzir essa força transformadora em outras regiões do país. Os quatro cavaleiros do Apocalipse podem ser derrotados se o primeiro-ministro e a ministra da Agricultura para tanto tiverem coragem.

Rui Rocha

Deputado da Iniciativa Liberal.


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