Para ser coveiro é preciso “muita calma” – Ricardo Freixial

Coragem e respeito pelos outros são algumas das qualidades que se exigem a um coveiro, afirma o mestre de profissão. Inácio dos Reis desempenhou a função durante mais de 20 anos no Cemitério de Alcains e na entrevista dada não entende naturalmente como uma proeza sua o facto de ter enterrado um elevado número de corpos.

Todos nós sabemos que Capoulas Santos reúne “competências” que lhe permitem outros desempenhos que não o de abrir sepulturas ou covas no cemitério e enterrar os mortos, nomeadamente ser Deputado ao Parlamento Europeu. No entanto e de acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, coveiro é também a “pessoa que contribui para a ruína, a degradação e o desaparecimento de uma instituição, um valor ou qualquer coisa”.

Capoulas Santos, o auto-denominado “coveiro” do PCP no Alentejo ter-se-á esticado um bocadinho não só na linguagem pouco própria como e sobretudo também na sobrevalorização do seu “desempenho” não evidenciando por isso a lucidez suficiente para tomar o pulso à situação. Perante os resultados eleitorais de ontem, o desastroso desempenho e a atípica campanha do Partido Socialista ajudaram a mostrar-nos que existem outras forças bem mais enterradas ou a caminharem para lá no Alentejo…

A derrota eleitoral de ontem do Partido Socialista não conseguiu no entanto impedir que Capoulas Santos, o auto- denominado “coveiro”, fosse de novo eleito Deputado ao Parlamento Europeu… Oxalá que o Eurodeputado Capoulas Santos que tal como nós “lamenta ser o único a representar a agricultura portuguesa no próximo mandato”, não obstante, ser o ex (actual?) Ministro da Agricultura que esteve directamente envolvido no projecto do Alqueva (pudera que não tivesse estado…), nas “revoluções do olival e da vinha”… na reforma da Política Agrícola Comum de 2000, e noutras tantas coisas que me abstenho aqui de denunciar (a abstenção não é democraticamente impedida…), possa continuar a desempenhar da mesma forma desastrosa também o papel de “coveiro”, isto é, não consiga contribuir mais para a ruína, a degradação e o desaparecimento da agricultura portuguesa, um valor não só enquanto actividade produtora de bens alimentares mas também de interesse estratégico fundamental ao nível ambiental, social, económico e do desenvolvimento sustentado do nosso Mundo Rural.

Entretanto todos nós desejamos que o ar ainda mais funesto que o habitual com o qual um canal de televisão ontem à noite nos apresentou o ainda ministro Jaime Silva não queira significar mais do que o princípio do fim de um ciclo que para nós agricultores e para o País no geral melhor fora que não se tivesse sequer iniciado.

Ricardo Freixial
Agricultor

Eu não interpretei mal… – Ricardo Freixial


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