Há várias “visões” sobre o futuro da PAC, Política Agrícola Comum.
Uma delas olha para a PAC “reciclada” em Política Comum de Ambiente e Bens Públicos. Outra, para uma PAC “ainda” agrícola.
Até há uma “visão” que afinal não vê nada pois, simplesmente, quer acabar com a PAC e sucedâneos. E podem ter a certeza que esta “visão-cega” vem de sectores influentes como o das finanças e, de outros ainda “escondidos”: – os “lobyes” de certos projectos “supra-nacionais” como o do (futuro) exército comum europeu que vai precisar de sugar verbas de todo o lado…
Entre nós, e desde há muito, há uma visão estratégica e verdadeiramente alternativa: – uma PAC que garanta a soberania alimentar entendida como o direito de cada Região ou País a poderem definir o(s) seu(s) modelo(s) de Agricultura (e de alimentação).
Nesse contexto, o objectivo mais prático e mais essencial, do ponto de vista dos Agricultores, é o de se obter preços justos à produção em função dos custos de produção. Admite-se até que possa haver certas Ajudas Públicas “ao rendimento”, mas é preciso que o essencial dos preços, recebidos pela Produção, provenha do valor – compensador – de transacção dos Produtos Agro-Alimentares.
Aliás, esta visão estratégica é mais consentânea com os direitos individuais e colectivos. Qualquer cidadão “normal” só vê viabilizados e respeitados pela Sociedade os seus direitos sociais e políticos se viver dignamente do produto de seu trabalho; qualquer País só assegura o bem-estar ao seu Povo e só tem Segurança Alimentar se não estiver demasiado dependente de outros países para se alimentar.
Agora, chamem a isto de “utopia” mas, entretanto, olhem à vossa volta para verem o “estado a que isto chegou” em matéria de Agricultura, Mundo Rural e Alimentação…
“Oh Homens de pouca fé !” – que só conseguis raciocinar dentro das baias que o sistema – que este sistema – vos coloca a cada momento histórico !
João Dinis