Os portugueses souberam recentemente a constituição do novo elenco do próximo Governo.
Não se sabendo os nomes e o número de Secretários de Estado, é composto por apenas 11 Ministros, um claro sinal da vontade dos Partidos Políticos que o suportam, de economizar na super-gestão de várias áreas que cada Ministério irá comportar. À partida até podem parecer áreas a mais por ministério se o compararmos com governos anteriores, mas estou convicto que a associação das aparentes diferentes áreas nos actuais ministérios, pode facilmente vir a transformar-se num ganho de eficiência e de decisão num pais demasiadamente burocrático dada a nossa dimensão.
Parabéns ao Senhor Primeiro Ministro Dr. Passos Coelho e ao Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros Dr. Paulo Portas.
A agricultura e ainda bem não passou a Secretaria de Estado e na minha perspectiva faz todo o sentido estar associada ao ambiente e ao território. Quem conhece por dentro estas matérias sabe dos diferentes conflitos entre estas áreas, a meu ver todos desnecessários, consequência de vários sistemas enraizados em diferentes órgãos da administração, e da complexidade de ministérios fechados sobre si mesmo, contribuindo também para o abandono a que a agricultura portuguesa foi sendo condenada ao longo de anos a fio.
Entre outras razões, quantos projectos agrícolas se deixaram de fazer no nosso país porque não foram emitidas licenças disto ou daquilo, para isto ou para aquilo, tudo disparates que contribuíram sobremaneira para que muitos Jovens Agricultores não se tivessem instalado e outros projectos estratégicos não tivessem avançado. As consequências estão à vista, descrédito e descrença na actividade, desencorajamento dos agricultores mais velhos para que os seus filhos e/ou descendentes agarrem as suas explorações. Os números não enganam e os dados mais recentes revelam que 48% dos agricultores portugueses têm mais de 65 anos e apenas 2,9% têm menos de 40 anos, de longe os números mais alarmantes da Europa.
Senhora Ministra da Agricultura, do Mar, Ambiente e Território a actividade agrícola e tudo o que ela comporta à sua volta, é a actividade fulcral para se verificarem melhorias muito significativas no ambiente e na administração do território, para além de assegurar a permanência de populações no interior e nas regiões mais desfavorecidas tão severamente ameaçadas.
Penso que facilmente é compreendido por todos que a melhor forma de desenvolver o Litoral é apostar e investir no Interior, essa aposta nos próximos anos deve ser centrada nas pessoas de forma a evitar que mais abandonem, mas acima de tudo é necessário criar incentivos claros que possam fazer regressar pessoas e empresas, nomeadamente Jovens Empresários Rurais e Jovens Agricultores.
Dra. Assunção Cristas, a AJAP acredita que apesar da dimensão do desafio que tem pela frente, pode contar com a experiência dos nossos já 28 anos em defesa da instalação de Jovens Agricultores, na institucionalização da figura do Jovem Empresário Rural e na defesa de uma pré-reforma/reforma digna dos agricultores mais velhos de forma a incentivarem os seus sucessores a optar pela agricultura e pelas actividades que lhe estão associadas. Defendemos ainda que Portugal não é no seu todo detentor de uma agricultura competitiva, existem agriculturas diferentes, com particularidades diferentes, e devem ser apoiadas em moldes diferentes. Todas no seu conjunto contribuem para um crescimento mais homogéneo, para melhorias no ambiente, para a preservação dos recursos naturais e para um combate sério ao abandono humano e à desertificação de vastas regiões do território.
Estamos disponíveis para colaborar, a nossa missão é Portugal, pela agricultura e pelo crescimento mais homogéneo de Norte ao Sul e do Litoral ao Interior.
Firmino Cordeiro
Presidente da AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal