“Chapéus há muitos seu palerma…” – Ricardo Freixial

Eu tinha quase a certeza que a falta de sensibilidade para as questões de natureza agrícola, só por si, não foi razão suficiente para Sócrates enquanto Primeiro Ministro ter aguentado no Governo, um Ministro da Agricultura com um desempenho tão incompetente, bizarro até, como foi Jaime Silva….Todos nós sabemos que Jaime Silva só foi Ministro durante quatro anos porque Sócrates o nomeou e apesar de tudo permitiu que tivesse continuado a ser…Entretanto, Sócrates mudou de Ministro da Agricultura mas Portugal continua a devolver dinheiro Bruxelas, sem uma política agrícola coerente e os agricultores continuam a receber as ajudas tarde e a más horas….Como se tudo isto não bastasse, tendo também em conta a resposta de Sócrates a Paulo Portas no Parlamento na passada Sexta Feira, para aquele, os agricultores são aqueles gajos que usam o chapeuzinho tipo…

O fenómeno de desvio na aculturação que permite a um qualquer projectista aldeão das serranias, transformar-se rapidamente numa criatura urbano obsessiva que não consegue distinguir entre o chapéu e o boné (que é também uma espécie de chapéu de formato circular, mas com uma aba voltada sobre os olhos), é o mesmo que impede Sócrates Primeiro Ministro, de distinguir, entre aquele gajo que usa o chapeuzinho tipo e o Agricultor, o empresário que é o responsável pela actividade agrícola, aquela que não é uma actividade através da qual apenas se obtêm alimentos. De facto, Sócrates não só não usa chapeuzinho, como não tem capacidade nem sensibilidade para perceber que a actividade agrícola, é também importante ao nível da ocupação e ordenamento do território. Nem que o Mundo Rural representa cerca de 85% do território nacional e a agricultura é extremamente importante para a ocupação e ordenamento equilibrado desse mesmo território. Este Sócrates, que não usa chapeuzinho e que até esteve ligado ao ambiente (no tempo do Freeport,,,), não tem capacidade nem sensibilidade também para entender que a agricultura pode ser uma actividade ambientalmente sustentável, associada a bens públicos de interesse para a comunidade e que não sendo o pilar mais forte e dinâmico da economia, é fundamental para os outros sectores económicos sobretudo ao nível das economias rurais nas quais, a agricultura dinamiza actividades co-relacionadas, indústrias ou serviços, a montante e a jusante da actividade produtiva propriamente dita. Sócrates que não usa chapeuzinho, não tem capacidade nem sensibilidade para entender que em zonas nas quais a taxa de desemprego já supera os 11% e os riscos de desertificação são elevados, a agricultura é uma actividade a apoiar, podendo contribuir para a ocupação e para a retenção da população que ainda existe, eventualmente para a atracção de outra e para a reanimação do Mundo Rural.

De facto, Sócrates que não usa chapeuzinho, não tem também capacidade nem sensibilidade para entender, a importância de se dever considerar a agricultura como uma actividade estratégica para a soberania, o desenvolvimento e a sustentabilidade do país. Sócrates mudou de Ministro da Agricultura mas infelizmente para nós, ou por continuar a não usar chapeuzinho ou por outra razão bem mais forte, continua de forma incapaz e insensível a ignorar entre outras coisas, que a UE através das reformas da PAC, possui incentivos aos agricultores para fornecerem serviços ambientais, disponibilizando aos Estados-Membros montantes que devem ser obrigatoriamente utilizados (ex: os regimes agro-ambientais, etc.) e que se podem constituir como instrumentos acessórios fundamentais na obtenção dos objectivos referidos.

Como se tudo isto não transbordasse já, Sócrates continua ainda com o vagar e o descaramento suficientes para, perante uma interrogação pertinente no Parlamento acerca do actual estado das coisas, fugir à resposta como foge obstinadamente às responsabilidades assobiando para o lado, tentando numa manifesta e reincidente falta de respeito por com todos nós e para com a Nação, entreter-nos com mais uma das suas graçolas foleiras…Ser Primeiro Ministro na actual conjuntura Mundial, num país com as limitações e os constrangimentos de Portugal e ter ainda espírito para “piadolas”, não será tarefa fácil e ao alcance de qualquer careta….

Já chega….Pode crer o Primeiro Ministro Sócrates, que eu gostaria de terminar esta escrita com uma chapelada, aquele hábito antigo de saudar alguém tirando-lhe o chapéu… Não o faço porque, embora sendo agricultor, não uso chapeuzinho e sobretudo porque, mesmo que o usasse, o desempenho de Sócrates na agricultura e na governação do país em geral, não o merece…. Ou seja, sou daqueles que nunca se “descobriria” para Sócrates….Escrevi entretanto estas linhas por continuar a recusar-me a “enfiar” pela cabeça abaixo, o barrete, esse “tricórnio invertido”, (a denominação ao contrário do que possa parecer, não encerra nada de pejorativo nem no que se refere aos “córnios” nem sequer no diz respeito ao “invertido”… ), que Sócrates me quer impor….

Sócrates que nunca viveu outra ruralidade para além da Ovibeja e que não teve por isso necessidade de usar chapéu ou boné para proteger a cabeça do sol escaldante, do frio ou da chuva (embora pareça usar chapéu de orelhas daqueles cuja orelheira não tem como finalidade proteger as orelhas mas sim prejudicar a audição), e nunca terá visto no acessório qualquer interesse do ponto de vista estético, está há cinco anos a impor-nos uma política “invertida” e sem respeito pela Agricultura, pelo Mundo Rural e pelo País, afinal os três “córnios” do tal tricórnio…

Que se capacite, que mude de sensibilidade e consequentemente de política, e poderá Sócrates distinguir-se de Portas ( de Paulo, claro…), também pelo ornamento na cabeça e em vez da cabeça vazia, isto é, sem chapéu, ou do tal chapeuzinho tipo, ou eventualmente do modelo tipo “Coronel Tapioca” que fará mais o seu género, exiba garbosamente no Parlamento e onde lhe der mais gozo, o tipo “Continental” ou seja o Cocked Hat, um chapéu muito mais digno, até de “cortesias”…. A Agricultura, o Mundo Rural e o País em geral agradeceriam….

Ricardo Freixial

Faça-nos um gesto Sr. Ministro… por favor! – Ricardo Freixial


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