Fazer mais com menos! – Luís Bulhão Martins

O ano de 2012 tem sido marcado por uma das mais rigorosas secas dos últimos 100 anos, que seriamente prejudicou, não só as culturas de Inverno, como também o cultivo de milho em vastas áreas do território nacional.

Se não fossem as novas áreas regadas de Alqueva, teríamos seguramente um decréscimo da produção portuguesa de milho por força da regressão nas superfícies semeadas nas zonas tradicionais.

Face à ocorrência, cada vez mais frequente destes eventos climáticos extremos e da maior vulnerabilidade dos sistemas de agricultura, hoje em dia praticados, a defesa do regadio deve ser estratégia prioritária tendo em vista o aumento do grau de auto abastecimento em cereais, a redução do deficit da balança comercial e a criação de mecanismos de adaptação aos cenários das alterações climáticas com que nos defrontamos.

Neste domínio, os produtores de milho portugueses registam, desde há muito, níveis elevados de desempenho, quer pela promoção do aparecimento e viabilização de novas áreas regadas como pela constante introdução de tecnologia tendente ao uso mais eficiente da água. O progresso tecnológico cifra-se não só pelo ritmo de aumento da produtividade, a rondar os 200 kg por hectare e por ano nos últimos 30 anos, mas também por uma notável preocupação ao nível do uso eficiente dos recursos, entre os quais a água.

Fazer mais com menos, tem sido a realidade se analisarmos a evolução do quadro em que se realiza a cultura do milho entre nós.

A ANPROMIS tem dinamizado a adopção constante no sector destas posturas mais inovadoras e promovido a sua divulgação.

Ainda recentemente, voltou a estar connosco e a trabalhar com mais de uma centena de técnicos e profissionais, no Alentejo e Ribatejo, ao longo de 4 dias, o Sr. Albert Porte Laborde, um dos mais conceituados especialistas da cultura do milho.

Por outro lado, em relação ao uso eficiente da água não posso deixar de realçar o “Boletim das necessidades de rega para o milho” que, no âmbito duma medida do Proder, a ANPROMIS começou a divulgar em 2010 e que conta, actualmente, com 220 agricultores subscritores.

O sucesso deste esforço de crescimento, modernização e ganho de competitividade, que o sector tem vindo a registar, necessita de continuidade. O seu desenvolvimento é de interesse nacional e carece de enquadramento em programas de investimento bem apoiados e de acesso mais facilitado.

O Proder, a cerca de um ano do final, arrisca a um não integral aproveitamento dos envelopes financeiros consagrados aos agricultores portugueses. Tememos, por razões que nos são alheias, uma execução financeira deficiente no principal instrumento de apoio à modernização das nossas explorações e de toda a fileira do milho.

É inaceitável um desfecho destes num cenário de tão fortes carências e em que os produtores de milho já repetidamente manifestaram mais que suficiente capacidade para promoverem a devida rentabilidade económica e social na utilização destes fundos.

Luís Bulhão Martins
Director da ANPROMIS


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