Desde há 2 anos a esta parte, tenho partilhado, de alguma forma, o drama que os produtores de leite vivem por causa do PREÇO JUSTO do leite.
Somos “uma classe que sempre esperou e espera mais do que aquilo que recebeu ou recebe”! Por isso gostaria de deixar aqui uma outra imagem do produtor.
Ser produtor de leite é acima de tudo um estilo de vida. Considero-me, pois, privilegiada. Vejamos então:
– Como é bom acordar de manhã cedo, para ir fazer a ordenha, com o canto dos pássaros;
– Como é bom chegar ao local de trabalho, a ordenha, e o único engarrafamento foi o de uma colónia de formigas com quem cruzei no percurso de 50 metros;
– Como é bom ver o céu azul num dia de primavera e os passarinhos a acartarem coisas para o ninho;
– Como é bom ser reconhecida pelos meus animais quando chego à vacaria, pois logo se aproximam como a dizer: “BOM DIA!”;
– Como é bom poder ajudar uma vaca a parir, a fim de lhe minimizar o sofrimento…
Poderia estar aqui a enumerar uma infinidade de acontecimentos do quotidiano de uma exploração de vacas de leite que são daqueles que me enchem o ego e me fazem sentir que foi para isto que nasci.
Sou Produtora de Leite com PAIXÃO! Tento transmitir isso mesmo aos meus filhos e a todos quantos se cruzam com a minha exploração. Se não passam por cá, levo-lhes onde for preciso a “magia” da produção. E como é bom ver crianças de olhos a brilhar, excitadíssimas, porque “a vaca foi à escola”, porque ouviram o bater do coração de um vitelo, porque ordenharam uma vaca a sério.
Proporcionar momentos em que a sociedade pode interagir com a exploração é mais uma fonte de alimentação à minha PAIXÃO que é produzir leite.
Àqueles que vivem de e para a transformação e comercialização do leite produzido com esta paixão deixo aqui um apelo:
– Não matem esta PAIXÃO! É importante não ficarmos dependentes do leite de outros países quando nós o sabemos produzir tão bem e com tanta dedicação!
Manuela Dias Pimenta
Produtora de leite
Licenciada em Engenharia Agro-Pecuária
O triste “fado” do Produtor de Leite português – Manuela Dias