Um estudo liderado por um investigador Universidade de Bristol (Reino Unido) revelou que os europeus da Pré-História, durante várias centenas de ano, consumiram lacticínios apesar de não possuírem a enzima lactase, que permite digerir a lactose ao quebrar o açúcar em fragmentos mais facilmente absorvidos.
A conclusão vai contra as suspeitas até então dos cientistas. Segundo explica o The New York Times, era comum pensar-se que à medida que os humanos começaram o pastoreio de gado há dez mil anos atrás, os que possuíam a mutação para a lactase ganharam uma nova fonte de calorias e proteína. Já os que não possuíam, em contraste, ficavam doentes.
O novo estudo, publicado na revista Nature, analisou o ADN de europeus dessa época e os fragmentos oleiros encontrados encharcados com leite. De acordo com os investigadores, a mutação para a lactase só se tornou importante quando os europeus enfrentaram epidemias e fome. Durante esses períodos, a sua má saúde poderia ter levado a indigestão exacerbada, levando a casos de risco de vida devido à diarreia.
A mais antiga mutação encontrada é datada de 6 600 anos atrás. A mutação continuou rara até há quatro mil anos. Entre esse período, os europeus consumiram leite, apesar de quase nenhum deles conseguir produzir lactase como adultos. A investigação surgiu de uma colaboração entre mais de 100 investigadores.
“Acho que estas ideias são realmente sólidas”, disse um investigador da área na Universidade de Zurique, Shevan Wilkin, que não esteve envolvido no estudo. “Não sei se estão exatamente certos. No entanto, foram as primeiras pessoas a dizer: ‘Vamos descobrir isto através dos dados e ver se podemos apoiar as nossas ideias.”
O cientista considera que este estudo abre portas para investigar se estes padrões podem ser aplicados a sociedades antigas fora da Europa.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.