O presidente da Câmara de Pombal apelou hoje à “capacidade de influência” do ministro da Cultura junto dos outros governantes para que sejam implementadas medidas de apoio “ágeis e pouco burocráticas” às vítimas dos incêndios.
“Apelo à sua capacidade de influência, naturalmente, junto dos seus colegas no Governo, para que sejam implementadas, de forma célere, medidas de apoio a esta população que precisa de ajuda urgente. Medidas ágeis, pouco burocráticas, que tenham em consideração a realidade desta população envelhecida e que vive, essencialmente, da economia de subsistência”, afirmou Pedro Pimpão.
O autarca discursava nos Paços do Concelho, na sessão solene de abertura das Festas do Bodo, presidida pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, a quem disse que importa olhar agora “para aqueles que perderam tudo ou que perderam parte importante da sua vida, pessoal e profissional” nos fogos.
“Precisamos, juntos e de braços dados – administração central e administração local -, de dar esperança a estas gentes e promover uma perspetiva de futuro a estas pessoas que esperam do Estado um apoio extraordinário para uma situação extraordinária”, acrescentou, depois de elencar os danos que há duas semanas os incêndios provocaram na freguesia de Abiul.
Pedro Pimpão referiu de seguida projetos que estão a ser desenvolvidos pela Associação de Desenvolvimento Terras de Sicó, de que faz parte Pombal e mais dois concelhos do distrito de Leiria (Alvaiázere e Ansião) e outros três de Coimbra, como o “Explore Sicó”, um investimento de cerca de dois milhões de euros “na construção de um centro de interpretação museológico inovador e que será uma porta de entrada de visita ao território.
“Outra das nossas frentes prende-se com o projeto da ‘Paisagem Protegida da Serra de Sicó’, um instrumento de gestão territorial na dimensão cultural da nossa paisagem protegida, num território que precisa de intervenção, agora cada vez mais fustigado pelos incêndios”, observou o autarca, que lidera a associação, destacando ainda a “classificação da arte dos muros de pedra seca a património cultural imaterial pela Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura]”.
Realçando que Pombal, há muito anos, tem vindo “a apostar na melhoria dos equipamentos culturais, na promoção da inovação cultural, no trabalho em rede e no apoio aos agentes culturais nas suas diversas dimensões”, o autarca exemplificou com o Museu Marquês de Pombal, “o único museu monográfico no mundo referente a Sebastião José de Carvalho e Melo [1699-1782] e que dá a conhecer a sua vida e obra”.
“Dada a importância da personalidade do Marquês de Pombal e considerando que o espaço do nosso museu começa a ser pequeno para a dimensão da riqueza da sua obra, está na altura de pensarmos – com o apoio e entusiasmo dos serviços do Ministério da Cultura e da Direção Regional da Cultural – em darmos a todo o seu espólio um novo espaço condigno”, afirmou Pedro Pimpão, lançando o repto para que juntos se possa projetar em Pombal, “num futuro próximo, um moderno e inovador museu alusivo ao Marquês de Pombal”.
No seu discurso, Pedro Adão e Silva destacou que as festas populares “são, não apenas um importante recurso para esta relação de proximidade entre a cultura que se faz no território e aquilo que são as iniciativas que cabem aos ministérios e ao Governo, mas também um recurso fundamental de coesão social”.
Sublinhando, “em particular, o papel que as autarquias podem, devem e desempenham a este respeito”, o governante reconheceu que o “investimento financeiro que é feito pelo Estado na área da cultura tem sido sempre crescente, ainda que insuficiente”.
“Mas esse investimento financeiro é, felizmente, acompanhado por um investimento financeiro também do lado das autarquias”, admitiu, notando que não se deve “limitar às áreas metropolitanas aquilo que de melhor e de mais moderno e de mais ambicioso se faz na cultura”.
Pedro Adão e Silva considerou ainda que talvez a “principal responsabilidade do ministro da Cultura” seja “levar a sério a democratização do acesso à cultura”, porque “sem esse objetivo em mente, sem esse objetivo subjacente a tudo aquilo” que é feito, “tudo o resto faz pouco sentido”.