Na sequência do meu post anterior, gostaria de reproduzir duas fotografias de Marco Ribeiro, que fui buscar a uma publicação do Paulo Fernandes.
As duas fotografias correspondem a dois pinhais ardidos por estes dias, no mesmo fogo, o de Vila Pouca de Aguiar.
Para quem está menos habituado a estas imagens (e eu percebo pouco disso, mas à força de tanto ouvir, sempre consigo ver um bocadinho mais do que via há uns anos), repare-se bem nas copas dos pinheiros num e noutro caso e, já agora, na medida do possível, no solo.
No primeiro vemos uma afectação relevante da copa dos pinheiros – não estão totalmente consumidas, mas estão castanhas quando não consumidas – no segundo vemos uma afectação relativamente marginal das copas, que estão evidentemente verdes.
Isto significa que a severidade do fogo (o efeito do fogo sobre a vegetação e o solo) foi muito diferente nestes dois locais, como provavelmente terá sido diferente a intensidade (a quantidade de energia libertada, que naturalmente condiciona a severidade, em combinação com as características da vegetação e solo existentes).
Qual é a diferença fundamental entre estes dois pinhais?
O de baixo tinha sido tratado com fogo controlado há algum tempo (em Fevereiro de 2020), porque é um pinhal gerido, com intervenções técnicas qualificadas.
Em duas imagens, uma ilustração expressiva do que se quer dizer quando se diz que falta gestão ao nosso mundo rural para podermos ganhar controlo sobre o fogo.
Com um dispositivo de combate mais atento e mais empenhado no combate ao fogo florestal, provalmente as oportunidades criadas pela gestão que se referiu acima até teria permitido que tivesse ardido bastante menos, mas esse é outro assunto.
O artigo foi publicado originalmente em Corta-fitas.