Água: O sangue da terra! – André Rodrigues

Num mundo de feroz competitividade torna-se imperativo a consciencialização, de todos, para a absoluta necessidade de preservar os recursos naturais. Por isso, os agricultores, e as suas organizações, têm um papel decisivo na promoção de uma agricultura sustentável que compatibilize a indispensável rentabilidade das explorações com a proteção dos recursos mais escassos, como é o caso da água.

A AGROMAIS, como organização de produtores de referência, tem impulsionado permanentemente a adoção de técnicas de irrigação modernas e mais precisas que permitam caminhar no sentido da referida sustentabilidade.

São sobejamente conhecidas por todos as características agronómicas do vale do Tejo: solos de elevada capacidade produtiva e com boa disponibilidade de água. Para além disso, acresce ainda um ingrediente fundamental: a elevada aptidão dos agricultores para a inovação tecnológica.

Na AGROMAIS já desenvolvemos trabalho na área da gestão da água da rega no solo desde 1999. Nessa altura, através da aquisição de uma sonda portátil (diviner 2000), com a análise de diversos pontos de amostragem em diversas culturas, começamos a ter informação para podermos ajudar a decisão do agricultor; mas o sistema era ainda muito pouco representativo porque implicava a obtenção de dados com leitura “in loco”.

Presentemente a AGROMAIS dispõe da mais recente tecnologia, aliada a uma grande experiência de campo, tendo reforçado o seu papel, como importante aliado dos seus produtores, na proteção dos recursos mas com grande relevância na redução de custos.

Por sentirmos que a sensibilidade dos produtores aumentou exponencialmente como resposta aos sucessivos anos de seca, que têm originado uma redução do nível dos lençóis freáticos (por nós monitorizado), e ao crescente peso do factura energética nas contas de cultura, a AGROMAIS criou, há cerca de 3 anos, um departamento específico para o efeito – Departamento de Gestão de Rega.

Como diz o ditado popular “a água é o sangue da terra”, por isso, a gestão da água da rega é uma tarefa na qual podemos ser uma importante mais-valia para os nossos produtores. De facto, trata-se de uma área que agrega um conjunto de especificidades e que necessita de um conjunto de conhecimentos técnicos; por exemplo, é necessário contar com diversos inputs, entre outros, com o estado de desenvolvimento da cultura (o denominado kc), a evapotranspiração e a eficiência do sistema de rega.

Para além disso, para gerir bem a água da rega, é indispensável existir uma auditoria prévia ao sistema de rega. Esta auditoria serve para, além de outras coisas, dar-nos conta do real desempenho do nosso sistema de rega, nomeadamente quanto à uniformidade, à eficiência e às dotações aplicadas. Diz-nos a experiência que a água efetivamente aplicada à cultura é quase sempre diferente da prevista aquando da implementação dos sistemas de rega, e isso deve-se a problemas comuns relacionados com alterações ao nível freático, entupimentos, entre outros.

Como já referi, o aumento dos custos energéticos na conta de cultura implica que tenhamos de ser cada vez mais eficientes. Neste particular, na grande maioria das explorações é possível diminuir significativamente os gastos com energia através da redução do número de regas e do aumento da eficiência das mesmas, conduzindo cumulativamente a um aumento da produtividade e da qualidade do produto final, como resultado de fornecermos à planta apenas a quantidade certa de água no momento certo.

A gestão da rega é, por tudo isto, o “motor de competitividade” das explorações agrícolas e um importante instrumento para a sustentabilidade ambiental das mesmas.

André Rodrigues
Departamento de Gestão da Rega


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