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Serra da Estrela: Quo vadis biodiversidade? – Jorge Paiva

Suponham que se descobria na lagartixa-da-montanha da serra da Estrela, um produto com alguma aplicação medicamentosa, como se descobriu noutro réptil, no lagarto conhecido como monstro-de-gila, que os pastores americanos matavam a tiro.

Há dias tive o prazer da visita de um antigo aluno (António Neves, biólogo), que me disse que em 1980, quando nas aulas eu afirmava que durante o primeiro quarto do século XXI haveria já seca e escassez de água por todo o país, os alunos consideravam que era exagero meu. Também quando eu lhes dizia, e continuo a afirmar, que a serra da Estrela esteve coberta de floresta até ao topo e que estávamos a transformar o nosso país num deserto rochoso, julgavam que era exagero meu.

Com os anuais piroverões que temos tido e continuaremos a ter, pois os governantes que temos tido e temos ainda não se interessam pelo país que estamos a deixar às gerações futuras, as montanhas do Norte e Centro do país são já um deserto rochoso, sem o mínimo de solo para reter alguma das águas pluviais e de biodiversidade quase nula.

Durante a minha vida (curtíssima em comparação com o início da ocorrência da biodiversidade no globo terrestre) conheci animais e plantas que já desapareceram, pelo menos de Portugal. Dou como exemplo o esturjão (Accipenser sturio), cujos últimos exemplares foram pescados no Guadiana pela última vez em 1980 e a orquídea (Epipactis palustris) que eu próprio colhi em 1965 na região de S. Jacinto, uma região protegida.

Com este devastador incêndio, resultante da incúria e incompetência de quem devia proteger o Parque Natural e Geoparque Internacional da Serra da Estrela, há animais e plantas que ficarão em elevado risco de extinção e até poderão ter sido extintas. Dou como exemplo a lagartixa-da-montanha (Iberorolacerta monticola), um endemismo ibérico, e o sapo-parteiro (Alytes obstetricans), já […]

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