Porquê a AGROGLOBAL – Joaquim Pedro Torres

Foi em 2009 a primeira edição da AGROGLOBAL. Nessa altura a agricultura não era propriamente um setor de atividade muito considerado pela sociedade em geral. Os resultados negativos da nossa balança alimentar tinham, assim pensavam muitos, mais a ver com a “venda” da nossa agricultura nas negociações comunitárias e com a subsidiodependência e falta de profissionalismo dos agricultores do que com as nossas condições ambientais para a produção, em muitos casos adversas quando comparadas com as dos países com os quais concorremos no mercado.

Naquele ano essa avaliação era mais negativa que nunca e as soluções propostas eram, no mínimo, utópicas e demagógicas. Falava-se em revolucionar todo o sistema, de outras culturas, outros serviços, outros agricultores.

Uma visão distorcida e afastada da realidade mobilizou, desde logo, um grande numero de agentes do negocio agrícola:

“Devemos promover um novo evento, 100% profissional, que valorize o saber de experiencia feito de gerações de agricultores, que exiba os meios tecnológicos e científicos que um enorme conjunto de empresas coloca à disposição da produção de forma permanentemente renovada.

Que mostre que as Escolas e organizações de produtores estão perto do processo produtivo e que desempenham um papel cada vez mais importante no processo de desenvolvimento agrícola.

Vamos dar a conhecer a nossa luta dentro da UE para que as nossas especificidades sejam levadas em conta e o esforço efetuado para que as ajudas disponíveis sejam aplicadas de forma simples, pragmática e sem desperdícios.

Abordaremos todos os sistemas de produção, mesmo os das zonas menos competitivas, pois não poderemos esquecer que a agricultura tem impacto social e ambiental insubstituível.

Temos de o fazer de forma diferente, sem o habitual cunho rural/tradicional que domina os nossos certames. Em 3D, no campo excecional da lezíria do tejo, à escala real e de uma forma dinâmica e interativa”.

E o projeto tornou-se realidade.

Na primeira edição logo 140 empresas mostraram, em 150 hectares cuidadosamente preparados ao longo de meses, os seus argumentos para uma atividade económica que se pretende cada vez mais eficiente.

Não é em todas as feiras que se vêm maquinas topo de gama a mobilizar, semear, colher e transportar aos olhos -e nas mãos – dos visitantes.

Não é também em todas as feiras agrícolas que se assiste a debates de elevado nível cruzando diferentes perspetivas sobre a agricultura.

Não é também em todas as feiras agrícolas, realizada a meio da semana e em local que não é de passagem ocasional, que se conseguem reunir tantos profissionais de um setor mobilizados pelo interesse em inovações tecnológicas, em produtos novos e serviços diferenciados.

Pela ultima edição da AGROGLOBAL passaram 15 000 visitantes, economistas, dirigentes associativos, governantes, ex-governantes, membros da oposição e referencias da opinião publica que connosco refletiram “refrescando” o nosso raciocínio mas também recolhendo e transmitindo para o exterior uma ideia mais real sobre um setor do qual o país muito tem a esperar neste momento difícil que atravessa.

Crescendo em todas as edições, prevê-se para a AGROGLOBAL 2014 a participação de cerca de 230 das grandes empresas da cadeia de produção agrícola de forma cada vez mais empenhada e dinâmica. Bancos, seguradoras, empresas de energia e comunicações também reforçaram a sua presença. As áreas de terreno trabalhadas aumentaram, haverá mais culturas, os colóquios serão ainda mais dinâmicos e vários acontecimentos de grande importância para o setor terão lugar na Agroglobal 2014.

A Agroglobal, hoje o congresso da agricultura nacional, está pois para ficar até porque agora ninguém tem duvidas que temos que voltar “a pôr os pés na terra”.

Joaquim Pedro Torres
Eng.º Agrónomo


Publicado

em

por

Etiquetas: