Uma das medidas levada a cabo pela aplicação da lei de bases da política florestal, foi a criação do programa de Sapadores Florestais. Este programa surge em 1999 como instrumento da política florestal, com vista a contribuir para a diminuição do número de incêndios florestais, e ao mesmo tempo para a valorização do património florestal. Deste modo constituíram-se Equipas de Sapadores Florestais, compostas por cinco elementos com formação especializada em silvicultura preventiva, deteção, primeira intervenção e rescaldo em incêndios florestais. Os Sapadores na sua missão preventiva, têm como objetivo a limpeza de povoamentos; apoio às ações de fogo controlado; manutenção de pontos de água, rede viária e dos aceiros corta-fogo, e os demais trabalhos florestais.
Cada Sapador adquire a qualificação após frequentar um curso de formação profissional específico, para âmbito da ação das equipas, numa primeira fase este curso era ministrado no Centro de Operações e Técnicas Florestais (COTF), por técnicos florestais; após 2008 as equipas passaram a ser formadas pelo IEFP e o COTF deixou de ser o centro de formação para os Sapadores.
O programa neste momento conta com 283 equipas, 80% das quais pertencem a Organizações de Produtores Florestais (OPF’s), Concelhos diretivos de Baldios, cooperativas Agrícolas e juntas de freguesias, e 20% correspondem a equipas cuja entidade detentora são Camaras Municipais.
Neste momento a APAS FLORESTA, no âmbito da Defesa da Floresta Contra Incêndios (DFCI), conta, no seu quadro de pessoal, com 3 equipas de Sapadores; 15 operacionais; 1 técnico credenciado em fogo controlado e 1 técnico DFCI.
Na área de atuação da APAS FLORESTA, e um pouco por todo o país, verifica-se algum abandono das áreas florestais. Este fenómeno tem várias explicações, tais como a desertificação dos meios rurais, a existência de áreas incultas sem conhecimento de quem é o proprietário, a existência de áreas de difícil acesso para operações mecânicas e aos custos associados à necessária gestão florestal. Mas este fenómeno está diretamente relacionado com a prevalência de fogos florestais, pelo que é uma prioridade nacional atuar de forma preventiva e de forma concertada entre várias entidades.
Em 2003, foi estabelecido um protocolo pioneiro entre a APAS FLORESTA e a Câmara Municipal do Cadaval de forma a colmatar algumas deficiências da prevenção que tinham sido detetadas aquando do grande incêndio que lavrou na serra de Montejunto nesse mesmo ano.
Nesse protocolo ficou previsto a realização de ações de limpeza executadas em áreas publico/privadas beneficiando assim áreas de interesse paisagístico e de lazer (Montejunto), a realização de limpezas em espaços arborizados junto a ponto de interesses público, a ações de silvicultura preventiva noutros locais de risco e a colaboração em ações de sensibilização às populações.
Este protocolo tem-se revelado de extrema importância para as duas entidades, que partilham as mesmas preocupações e objetivos, e tem contribuído para que a floresta endémica da serra de Montejunto tenha vindo a ser poupada às últimas vagas de fogos florestais.
Esta verdadeira parceria, que tem 11 anos, começa a dar os seus frutos, sendo evidente que é necessário um esforço contínuo de ambas as entidades ano após ano.
Felizmente, e ao contrário de outras autarquias que optaram por acabar com protocolos similares, a Câmara do Cadaval tem vindo a fazer um esforço enorme para continuar a proteger a sua floresta, bem como os seus munícipes.
Paulo Pinheiro
Eng.º Florestal
APAS Floresta – Associação de Produtores Florestais