Serra da Estrela. Terrenos com declives elevados aumentam a “velocidade de propagação” das chamas

Domingos Xavier Viegas, especialista em incêndios florestais, não acredita que tenha existido descoordenação ou falta de meios nos incêndios da Serra da Estrela. A dificuldade de acesso a algumas áreas para monitorizar a evolução da situação tem causado vários reacendimentos.

A região da Serra da Estrela, nos concelhos de Belmonte, Covilhã e Guarda, vai ter um “incremento na vigilância” pelas forças de segurança depois de terem existido três reactivações simultâneas e com “uma violência muito grande” do incêndio que há dois dias estava dado como dominado. As autoridades dizem-se “expectantes relativamente àquilo que possa ser o resultado das investigações” quanto à origem do incêndio e dos reacendimentos.

Em entrevista ao PÚBLICO, o investigador Domingos Xavier Viegas, especialista em incêndios florestais da Universidade de Coimbra, que coordenou os estudos pedidos pelo Governo sobre os fogos de 2017 e integrou o Observatório Técnico Independente, não acredita que tenha existido descoordenação ou falta de meios no terreno no incêndio que consumiu uma área que poderá superar os 14 mil hectares. A geografia da região, com muitas zonas escarpadas que fazem aumentar a velocidade das chamas, é uma das razões para a situação na Serra da Estrela ser tão complexa.

Porque é que este incêndio está a ser tão difícil de controlar?

Para além das condições meteorológicas difíceis que existem um pouco por todo o país, sobretudo no centro e interior, a Serra da Estrela tem a agravante da elevada altitude e do terreno acidentado. Tem muitas zonas escarpadas, outras com vegetação arbustiva e tudo isto dificulta o acesso dos meios e das pessoas. Neste incêndio que temos estado a assistir há praticamente dez dias temos observado que ficam controlados ou extintos perímetros muito grandes, mas é difícil acompanhar tudo em toda a sua extensão, particularmente nestes locais onde o acesso possa ser mais difícil.

Qual a razão para existirem tantos reacendimentos?

A dificuldade de acesso a algumas áreas para monitorizar a evolução da situação depois de as chamas estarem controladas faz com que existam vários reacendimentos com uma gravidade muito elevada.

Por vezes estes reacendimentos dão origem a propagações que acabam por ser quase mais graves do que a situação que havia antes. E isto acontece porque a vegetação que está na proximidade da área ardida fica ainda mais seca por estar tão próxima do fogo e do ar quente. Assim, é mais fácil existir uma alta propagação quando existe uma re-ignição. E é fácil que isto aconteça em vários pontos, não é apenas um foco pontual que se está a propagar e isso pode dar origem a situações muito complicadas, como […]

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