Projecto científico argentino permitiu instalar um módulo de produção hidropónica numa ilha onde só há pedregulhos e gelo. A primeira colheita foi há três meses e segue-se o cultivo de outras verduras.
Lembra-se de quando o Matt Damon ficou Perdido em Marte e teve de cultivar batatas num ambiente hostil para conseguir sobreviver até que na Terra descortinassem como haviam de o fazer regressar? Pois bem, os argentinos estão a fazer algo semelhante um pouco mais perto de nós, na Antárctida. E com a vantagem de não terem de correr contra o tempo.
Na inóspita ilha de Marambio, que fica a quase tanta distância de Buenos Aires (3297 quilómetros) como do Pólo Sul (2864 quilómetros), só há pedregulhos e gelo. Mas desde meados de Maio que neste pedaço de Argentina no continente gelado se produzem (e consomem) alfaces, rúcula e salsa.
A proeza de ter uma produção agrícola num local em que do solo nada brota e as temperaturas máximas oscilam entre os 11 e os 40 graus negativos deve-se a uma equipa de cientistas do Instituto Nacional de Tecnologia Agro-pecuária e da Universidade Nacional da Patagónia Austral.
A referência a Marte não vem totalmente a despropósito. Diz Jorge Birgi, investigador que lidera o projecto, numa reportagem do jornal patagónio En Estos Días, que “a Antárctida é um pouco como Marte” e que a comunidade científica internacional está de olhos postos no que se faz em Marambio precisamente pelas possibilidades que abre.
Mas quem já viu o filme notará uma grande diferença entre os cultivos de Damon e o que acontece em Marambio. Na base antárctica a produção faz-se com recurso a um sistema hidropónico – isto é, sem terra, só com água […]