A embaixada ucraniana no Líbano informou hoje que um novo navio carregado de cereais, roubados pelas forças russas de armazéns em territórios ocupados na Ucrânia, chegou a um porto sírio.
Há duas semanas, a mesma embaixada tinha alertado para a chegada de um primeiro navio com cereais saqueados a este país.
“De acordo com as nossas informações, o ‘SV Konstantin’ atracou na Síria. Há uma decisão de um tribunal ucraniano para parar este navio”, sublinhou a missão diplomática de Kiev em Beirute.
“A bordo estão cereais que foram saqueados e transportados ilegalmente pelas autoridades de ocupação russas de armazéns localizados em território temporariamente ocupado nas regiões de Zaporijia, Kherson e Mikolaiv para portos na República Autónoma da Crimeia temporariamente ocupada”, acrescentou.
A embaixada ucraniana no Líbano explicou ainda que o ‘SV Konstantin’ foi carregado entre 24 de junho e 01 de julho em Sebastopol, na Crimeia, e partiu para a cidade turca de Izmir, onde foi detido pelas autoridades deste país, mas libertado em 01 de agosto.
O navio chegou ao porto de Sebastopol com o seu sistema de identificação automática desativado, para que não se soubesse que se encontrava naquele porto, que Kiev declarou encerrado à navegação internacional em 2014, quando a Crimeia foi anexada pela Rússia, realçou ainda a missão diplomática no comunicado.
Depois de libertado na Turquia, tendo indicado que o porto de destino era Trípoli, no norte do Líbano, em “13 de agosto o navio desligou o seu sistema de identificação automática e foi parar à Síria”, acrescentou, sem especificar em qual porto deste país desembarcou.
A Ucrânia tem acusado a Rússia de roubar os seus cereais, aproveitando a ocupação de parte do seu território desde que lançou uma invasão contra o país vizinho em fevereiro.
Esta é a segunda vez que Kiev denuncia a chegada de um navio à Síria com cereais roubados.
Em 04 de agosto, o navio ‘Laodicéia’ chegou ao porto de Tartus carregado com cereais alegadamente saqueados na Ucrânia, depois de ter sido detido por vários dias no Líbano a pedido da Ucrânia e depois liberado.
O Presidente sírio tem em Moscovo o seu principal aliado e apoiante internacional, já que a intervenção russa na guerra civil no país árabe em 2015 foi fundamental para que Bashar al-Assad conseguisse recuperar boa parte do território que tinha perdido desde 2011.
A ofensiva militar lançada no final de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido enviando armamento para a Ucrânia e impondo à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.
A ONU confirmou que 5.514 civis morreram e 7.698 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 176.º dia, sublinhando que os números reais são certamente muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.