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China alerta para “séria ameaça” que calor e seca representam para a segurança alimentar

Quatro organizações governamentais chinesas emitiram hoje avisos de emergência, face à “séria ameaça” que a persistente onda de calor e seca constitui para a segurança alimentar do país, numa altura em que as colheitas estão em risco.

Os ministérios da Agricultura e Assuntos Rurais, Recursos Hídricos e Gestão de Emergências, em conjunto com a Administração Meteorológica do país, apelaram a esforços para “proteger as culturas”, que estão sob “séria” ameaça, face a uma “seca em rápido desenvolvimento” e altas temperaturas.

Desde o início de agosto, mais de 200 estações meteorológicas localizadas nas províncias de Zhejiang (leste), Chongqing (centro), Sichuan (centro) e Shaanxi (centro) registraram temperaturas acima dos 40 graus.

Nos últimos dois meses, as chuvas na bacia do rio Yangtsé, a mais longa da China, foram 40% menores do que no mesmo período do ano anterior. O nível de precipitação foi o menor desde que 1961, quando começou a haver registos.

Os órgãos governamentais exigiram assim que se “aproveite bem” toda a água disponível e se “procure novas fontes de água”.

De acordo com o comunicado, as autoridades vão fornecer substâncias condensadoras como o iodeto de prata, que acelera a formação das nuvens, para serem lançadas para a atmosfera nas zonas mais afetadas.

As agências também pediram aos agricultores que adotem “medidas para estabilizar e aumentar” os rendimentos das colheitas, através do uso de fertilizantes ou técnicas de resfriamento da água, visando proteger as colheitas do calor.

Recentemente, especialistas chineses citados pela imprensa local alertaram que a seca e a onda de calor vão reduzir a próxima safra de soja e milho, porque meados de agosto é um “período chave” para algumas culturas no curso médio e inferior do Yangtsé.

O país asiático alimenta quase 19% da população mundial com apenas 8,5% das terras aráveis do mundo. Em comparação, o Brasil, por exemplo, tem quase 7% das terras aráveis para 2,7% da população mundial.

Nas últimas duas semanas, províncias dependentes de energia hidroelétrica como Sichuan (centro) restringiram o uso de energia. A cidade de Chongqing (centro), onde a temperatura atingiu hoje os 42 graus, está também a limitar a iluminação pública, nas ruas e transportes.

A seca em Chongqing permitiu a alguns cruzar o normalmente poderoso rio Jialing de moto, já que o leito do rio ficou exposto devido à queda do nível da água.

Também foi possível observar esculturas budistas de 600 anos que até então estavam cobertas pela água.

As altas temperaturas causaram incêndios em áreas montanhosas que resultaram na retirada de milhares de pessoas.

O meteorologista local Chen Lijuan explicou recentemente que os períodos de calor intenso, que começam “mais cedo e terminam mais tarde”, podem tornar-se no “novo normal” no país asiático, sob o “efeito das alterações climáticas”.


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