A seca numa das barragens com o nível de água mais baixo do país é omnipresente na paisagem. Mas os passeios de caiaque que a Waterfalcons propõe este Verão na barragem da Bravura, em Lagos, dão outra vida à área: enquanto nos dão um banho de realidade, também contemplam a observação de aves e a tranquilidade e descoberta de um Algarve para lá do sol-e-mar.
“Até há pouco tempo, aqui onde estamos estava cheio de água”, aponta Paula Paulino. “Já estamos dentro da barragem.” A carrinha onde viemos teve de ficar umas dezenas de metros mais atrás, no local onde, há 15 dias, o grupo tinha entrado nos caiaques, há-de acrescentar Luís Moreno quando já estivermos a meio do passeio. “Olha a diferença. É uma distância enorme.” Aos nossos pés, o chão abre-se num mosaico de fissuras entre o barro ressequido. É preciso avançar agora mais um pouco pela margem para chegarmos aos caiaques da Waterfalcons.
Em Fevereiro, o Governo proibiu a utilização de água da barragem da Bravura, em Lagos, para fins agrícolas e, desde então, os poucos recursos hídricos disponíveis são para consumo doméstico. O nível de água, no entanto, não pára de descer. Segundo o Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, a capacidade da barragem algarvia está a 10%, registando mínimos históricos (dados de 22 de Agosto).
Nos caiaques, haveremos de aproximar-nos do paredão da barragem, construída nos anos de 1950, um dique imenso que se impõe a pique sobre as embarcações, de repente tão pequenas, cá em baixo. Luís pedala até lá ao fundo, onde está afixado o sistema métrico que mede o nível da água. Regista 65m. O nível mínimo de exploração da barragem são 61m.
O tema da seca, numa das barragens com o nível de água mais baixo do país, é inevitável – é omnipresente na paisagem e […]