seca

Seca: Câmara de Fornos de Algodres concorda com construção de barragem da Cabeça Alta

O vice-presidente da Câmara de Fornos de Algodres, Alexandre Lote, disse hoje concordar com a construção da barragem da Cabeça Alta, no município de Celorico da Beira, embora a prioridade imediata seja o desassoreamento do rio Mondego.

“A nossa opinião [do município de Fornos de Algodres], relativamente a essa matéria, é que tudo o que sejam represas de água para a região são sempre bem-vindas”, declarou o autarca.

Em declarações à agência Lusa, Alexandre Lote sublinhou, no entanto, que “a prioridade imediata do município de Fornos de Algodres está claramente identificada, que é o desassoreamento do rio Mondego na zona da praia fluvial da ponte de Juncais, perto da captação de abastecimento de água para o concelho”.

Outra prioridade está relacionada com a requalificação de todos os açudes existentes no concelho, por considerar que “será fundamental” para que haja mais água disponível e para evitar “que haja tantas descargas na barragem do Caldeirão”.

O vice-presidente da Câmara de Fornos de Algodres, no distrito da Guarda, falava à agência Lusa sobre o assunto, após o presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa, ter defendido, na segunda-feira, o retomar do processo de construção de uma barragem no concelho de Celorico da Beira, para evitar descargas no rio Mondego a partir da barragem do Caldeirão.

“Estivemos muitos anos parados na necessária revisão do planeamento estratégico das reservas de água do nosso país. É mais do que tempo para voltar a colocar em cima da mesa, 40 anos depois, a barragem da Cabeça Alta, em Celorico da Beira, para abastecimento de água àquele concelho e a parte do concelho de Fornos de Algodres”, disse o autarca, na apresentação das “Medidas de Contenção Fundamentais para a Moderação dos Consumos de Água no Concelho da Guarda”.

Segundo Sérgio Costa, a construção da barragem evitaria “a necessidade das descargas no rio Mondego a partir da barragem do Caldeirão [que abastece a cidade e o concelho], para enchimento dos açudes que abastecem aquelas populações, tal como teve de acontecer há poucas semanas, o que levou a que a barragem do Caldeirão entrasse na fase crítica”.

“Há muitos técnicos da área, e não só, que defendem que esta barragem já devia estar construída há muitos anos, e é tempo de retomarmos esta necessidade”, justificou.

O vice-presidente da Câmara de Fornos de Algodres referiu, ainda, que a construção da barragem da Cabeça Alta carece de estudos e, por aquilo que sabe, não está identificada no plano nacional de barragens.

“Será um processo que não se afigura muito simples. Contudo, é uma situação que deve ser estudada pelo Governo, nomeadamente pelo Ministério do Ambiente e, se houver condições, deve-se avançar para essa solução”, afirmou.

Alexandre Lote disse que no seu concelho ainda não existem problemas no abastecimento de água às populações, mas a situação está a ficar “muito difícil”.

“Nós temos presente que, por exemplo, na zona da ponte de Juncais, o nível de assoreamento do rio faz com que tenhamos perdas de água muito grandes e que não conseguimos reter”, rematou.

Desde outubro de 2021 até agosto choveu praticamente metade do que seria o normal, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

O IPMA colocava no final de julho 55,2% do continente em situação de seca severa e 44,8 em situação de seca extrema. Não havia nenhum local continental que estivesse em situação normal, ou em seca fraca ou mesmo em seca moderada.


Publicado

em

,

por

Etiquetas: