Investigadores afirmam que as formigas são melhores que os pesticidas a matar pragas, a reduzir os danos nas plantas e a aumentar o rendimento das colheitas.
No artigo publicado na revista científica “Proceedings of Royal Society B”, cientistas brasileiros avançaram as conclusões de uma revisão sistemática de 52 estudos que avaliaram a contribuição das formigas para a produção de 17 tipos de colheita, entre os quais citrinos, maçã, manga e soja, em países como Reino Unido, Brasil, Estados Unidos da América e Austrália.
Pode ler-se no estudo que, “em geral, com uma gestão adequada, as formigas podem controlar de forma útil as pragas e aumentar o rendimento das colheitas a longo prazo. A eficácia de algumas espécies é similar ou superior aos pesticidas, com custos mais baixos”.
Após a análise de 26 espécies de formigas, a equipa de investigação descobriu que o controlo biológico que estas fornecem funciona melhor em sistemas agrícolas diversificados, como a agrofloresta, e as colheitas à sombra, onde existem mais sítios para nidificação e mais alimento.
Tendo em consideração que as formigas também podem ser um problema na agricultura, uma vez que protegem pragas como as moscas brancas, que produzem uma secreção açucarada que elas consomem, os cientistas sugerem que a utilização de práticas sustentáveis, como fornecer uma fonte alternativa de açúcares às formigas, pode interromper esta relação.
Em Portugal, as plantações de eucalipto apresentam uma elevada taxa de variedade de formigas. Uma meta-análise feita pela Universidade de Lisboa e o RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e do Papel, com base em pesquisas realizadas entre 1990 e 2015, em dezenas de eucaliptais distribuídos pelo país, identificou 25 espécies de formigas, elevando para 44 o número das que foram encontradas em plantações de eucaliptos, o que representa cerca de 30% do número total de espécies de formigas que existem em Portugal. Uma diversidade superior ao que está documentado para qualquer outro tipo florestal, natural ou plantado.
O artigo foi publicado originalmente em Produtores Florestais.