Multiplicam-se suspeitas de redes ilegais e de exploração laboral. No espaço de um mês, pelo menos três grupos, num total de quase 100 cidadãos oriundos de Timor-Leste, foram sinalizados como potenciais vítimas de exploração laboral e de redes de auxílio à imigração ilegal
O esquema já é sobejamente conhecido em Portugal, só muda a nacionalidade. O mesmo que foi noticiado em relação a nepaleses, paquistaneses, indianos ou bengalis, empilhados em habitações desumanas junto às estufas de frutos vermelhos do sudoeste alentejano, ocorre agora com imigrantes timorenses, nos campos agrícolas de Beja e Serpa, seja na apanha da maçã ou na limpeza dos olivais. No espaço de um mês, pelo menos três grupos, num total de quase 100 cidadãos oriundos de Timor-Leste, foram sinalizados como potenciais vítimas de exploração laboral e de redes de auxílio à imigração ilegal.
Foi a situação de extrema fragilidade habitacional e social que lhes denunciou a presença nas freguesias de Cabeça Gorda e Pias, levando ao seu socorro a GNR, Segurança Social, Cáritas, Alto-Comissariado para as Migrações (ACM), Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), sindicatos e autarquias. Mas fez mais do que isso: pôs a descoberto uma nova rota migratória para Portugal, alimentada por falsas promessas laborais nas redes sociais, agências de auxílio à imigração (em Timor) e empresas de trabalho temporário (em Portugal), cada uma a ficar com uma parte dos mais de 2 mil dólares pagos à cabeça, pela viagem, contrato e inscrição na Segurança Social. Na maioria dos casos, só o trajeto até Portugal, via Dubai e Madrid, é cumprido. […]