O Movimento Estrela Viva defendeu hoje uma intervenção imediata no terreno para evitar a ocorrência de novas enxurradas na serra da Estrela, como a que aconteceu, no dia 13, em Sameiro, Manteigas, no distrito da Guarda.
Na sequência das enxurradas, o Movimento Estrela Viva lamentou “profundamente a ocorrência de mais este desastre” e manifestou “a sua sentida solidariedade com as populações afetadas”.
A associação reconheceu, no entanto, que, na realidade, tratou-se “de um desastre pré-anunciado”.
“Sabíamo-lo dos incêndios de 2017, sabíamo-lo de incêndios florestais posteriores e anteriores a 2017. Todos, ainda durante ou imediatamente após os incêndios de agosto, alertaram para esse risco, para a necessidade de ação imediata, e solicitaram a implementação urgente no terreno de medidas que evitassem ou minimizassem a magnitude deste desastre pré-anunciado”, referiu, em comunicado.
Acrescentou que “a janela temporal para intervir no sentido de prevenir estes desastres pós-incêndio é curta, tipicamente um a três meses entre o incêndio florestal e a chegada das primeiras chuvas”.
Segundo a nota, no dia 13, “quase um mês após os incêndios da serra da Estrela serem dados como extintos, não havia ainda luz verde para avançar com estas medidas urgentes e, salvo algumas ações promovidas pelas próprias comunidades, não havia ainda qualquer ação pública de estabilização de solos em execução”.
Assim, com as primeiras chuvas, “o desastre pré-anunciado acontece”.
“Dois dias depois, a 15 de setembro, são finalmente aprovadas em Conselho de Ministros as necessárias medidas de resposta ‘imediata’, como a estabilização de emergência, entre outras. Medidas de resposta ‘imediata’ aprovadas em simultâneo com outras igualmente críticas para o território, mas não urgentes (como o programa de revitalização do Parque Natural da Serra da Estrela – PNSE), num pacote que totaliza 200 milhões de euros”, explicou.
Para o Movimento Estrela Viva, “um plano de emergência pressupõe, por definição, a capacidade de atuar de imediato nos pontos mais críticos” e, “no contexto da prevenção de enxurradas pós-incêndios, um mês é demasiado”.
Assim, o movimento exortou as entidades competentes a adotarem todas as medidas necessárias, nomeadamente “disponibilizar apoios compensatórios imediatos que permitam colmatar as necessidades das populações afetadas na região de Sameiro, Manteigas”.
Também defendeu a intervenção imediata no terreno “para evitar novas ocorrências” e a “criação de mecanismos que agilizem a capacidade de intervenção de estabilização de solos em futuros incêndios”.
Em concreto, sugeriu o mapeamento prévio dos pontos críticos para estabilização de solos e proteção de linhas de água nas áreas de elevado risco de incêndio, a elaboração de planos de contingência e a criação de instrumentos legais que permitam o acesso automático e imediato a verbas, meios técnicos e recursos humanos para que, em futuros fogos rurais, haja “uma intervenção de estabilização de solos na fase de pós-incêndio que seja ágil, imediata e musculada”.
Os prejuízos causados pela chuva intensa que afetou a freguesia de Sameiro serão superiores a um milhão de euros, disse o presidente da Câmara de Manteigas.
Segundo Flávio Massano, o levantamento dos prejuízos ainda está a ser feito e a estimativa aponta para mais de um milhão, incluindo a componente pública e privada.