Espanha decidiu cortar a transferência de água do rio Douro para Portugal, tendo as descargas sido suspensas na segunda-feira. A Confederação de Agricultores de Portugal (CAP) acredita que Portugal tem como resolver estes problemas sem depender do país vizinho.
De acordo com o jornal Público, que cita El Periódico de Espanha, o Ministério espanhol da Transição Ecológica deu ordem para interromper a transferência de água do Douro para Portugal, que estava a decorrer no âmbito da Convenção de Albufeira. A decisão terá sido resultado da contestação em algumas comunidades locais espanholas.
Em entrevista à RTP, Luís Mira, da CAP, admitiu que os agricultores portugueses entendem a decisão espanhola, visto que Espanha está a “lutar para seja garantida a rega” das suas regiões.
“O que nós temos de fazer é de tratar do problema em Portugal, não podemos andar continuamente a dizer que a culpa é dos espanhóis que não nos mandam água”, afirmou o secretário-geral da CAP.
Segundo o mesmo, há soluções em Portugal e este corte de água do Douro “não nos vai afetar em nada do que é a rega já feita”.
“Não podemos depender dos espanhóis para a solução”, frisou ainda.
Quanto a soluções em Portugal, Luís Mira começou por dizer que apesar de haver “muitos projetos”, a CAP não quer mais projetos, mas sim “mais decisões”.
“Neste momento há dinheiro para executar esses projetos, existe estabilidade política para tomar decisões. Só é preciso mesmo concretizá-las. É isso que se exige”, declarou.
É expectável que esta situação se repita noutras regiões do país e com “maior severidade” e por isso a CAP apela a que se atue.
Explicando o que levou à decisão do Governo espanhol, Luís Mira adiantou que apesar de a seca ter sido “muito severa”, mas o que “esvaziou as barragens a norte do país foi a turbinação que se fez para a produção de energia elétrica”.
“Portugal desmantelou duas centrais elétricas a carvão, numa altura em que houve uma crise energética na Europa”, acusou, acrescentando que isso levou ao aumento dos preços e à seca das barragens.