eficiência no uso de água

Em tempos de seca, agricultura conta 700 milhões para apoiar eficiência no uso de água

A agricultura e pecuária são responsáveis por 74% da água que se consome num ano no país, de acordo com o ministério da tutela, mas ambientalistas levantam dúvidas quanto aos números do uso.

João Coimbra diz-se “sempre à procura do recurso que possa evitar gastar, ou usar da melhor forma”. É produtor de milho no Vale do Tejo, na Quinta da Cholda, e vende-o, sobretudo, para alimentação animal, mas também para consumo humano. Face às alterações climáticas e aos anos secos que se vão verificando, o objetivo é “produzir muito mais riqueza com a mesma água”. Desde que começou a fazer alterações nas suas culturas para aumentar a eficiência do uso da água, há cerca de 25 anos, a produção quase duplicou, ao mesmo tempo que diminuiu em 50% o uso de água por unidade produzida.

De acordo com o ministério da Agricultura, a agricultura e pecuária são responsáveis por usar 74% da água que se consome num ano no país, ou seja, 3.390 hectómetros cúbicos (hm3) dos 4557 hm3 gastos por ano em Portugal. O mesmo gabinete reconhece que a atividade agrícola em regadio é o maior utilizador de água, “face à natureza desta atividade” e ao “papel de elevada importância no aprovisionamento e na segurança alimentar”. “A eficiência da utilização da água é, manifestamente, um desafio maior na atividade agrícola de regadio”, indica o Ministério da Agricultura, em declarações ao ECO/Capital Verde, tendo em conta que a água é “determinante para a competitividade e viabilidade” desta atividade.

Existem aproveitamentos hidroagrícolas com altos níveis de eficiência, decorrentes dos investimentos relevantes em modernização e reabilitação das infraestruturas hidráulicas

Os 3.390 hectómetros cúbicos (hm3) anuais que se destinam ao uso agrícola representam, contudo, uma redução, indica o ministério. Entre 2002 e 2016, os consumos na rega diminuíram 48%, de acordo com o Plano Nacional da Água de 2016, uma diminuição conseguida através da substituição dos métodos de rega em gravidade por métodos de rega sob pressão e dos investimentos efetuados na modernização e reabilitação dos aproveitamentos hidroagrícolas, diz o Governo. A mesma entidade aponta que, nos dez anos entre 2009 e 2019, foram sendo introduzidos métodos mais eficientes na rega agrícola. Gonçalo Tristão, presidente da direção do Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR), realça que quase 30% da área regada em Portugal utiliza algum tipo de dados para guiar a prática de rega, tornando-a mais precisa, e di-lo citando o Recenseamento Agrícola de 2019, publicado pela Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural.

A evolução tem-se feito com a ajuda de investimento público. O Programa de Desenvolvimento Rural em vigor entre 2014 e 2020 destinou cerca de 838 milhões de euros para melhorar a eficiência na rega, e contaram-se mais 280 milhões de euros em paralelo, no âmbito do Programa Nacional de Regadios (PNRegadios). Nos próximos cinco anos, manter-se-ão no terreno, em execução, investimentos de mais de 700 milhões de euros, informa ainda a tutela.

“Penso que está muita gente a investir. Uns mais depressa que outros, uns mais conscientes que outros, outros obrigados, por arrasto”, atesta João Coimbra, afirmando que os produtores mais profissionalizados lideram a tendência. “Existem aproveitamentos hidroagrícolas com altos níveis de eficiência, decorrentes dos investimentos relevantes em modernização e reabilitação das infraestruturas hidráulicas, pelo que importa prosseguir este esforço de investimento nos aproveitamentos em que essa reabilitação ainda não ocorreu”, balança o ministério da Agricultura.

“Não sabemos de forma exata onde e quem está […]

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