A Associação de Agricultores do Campo Branco, de Castro Verde (Beja), pediu hoje ao Governo uma ajuda financeira, “a fundo perdido” e “urgente”, face “às dificuldades inesperadas” criadas a agricultores e produtores pecuários da região pela seca.
“A situação é dramática” e “seria bom que viesse essa ajuda, que já houve anteriormente e em situações não tão gravosas como esta”, disse à agência Lusa José da Luz Pereira, presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB).
De acordo com o responsável, os agricultores e produtores pecuários do Campo Branco, que abrange os concelhos alentejanos de Castro Verde e Almodôvar e parte dos municípios de Aljustrel, Mértola e Ourique, enfrentam “uma situação dramática”, dada “a sequência de anos [agrícolas] maus devido às secas consecutivas”.
“Este ano acabou por não se colher nada e as reservas habituais que temos de palha, fenos e algum cereal ‘abalaram’ todas”, acrescentou.
A par disso, continuou, “a guerra na Ucrânia fez subir em flecha os preços dos fatores de produção necessários à atividade” e para a alimentação do gado.
Segundo José da Luz Pereira, o último ano agrícola “foi terrível” e “um dos piores na região e em toda a zona do sequeiro e do extensivo”, não se avistando alterações numa altura em que se estão a iniciar as sementeiras das culturas de outono/inverno.
Um quadro que está, inclusive, a levar muitos produtores a vender animais do seu efetivo pecuário.
“Nunca se tinha registado uma redução do efetivo na nossa região e este ano está a verificar-se isso, ou seja, uma redução bastante acentuada nos [efetivos de] bovinos e nos ovinos”, assegurou o presidente da AACB.
José da Luz Pereira criticou ainda o facto de a nova Política Agrícola Comum (PAC) “já não ter aplicação”, mesmo “antes de começar”.
“Quando esta PAC foi preparada e idealizada nada disto estava a acontecer, nomeadamente no que diz respeito à guerra na Ucrânia, que alterou tudo em todos os aspetos”, com “a escassez de alguns produtos e a subida de preço de outros”, justificou.
Tudo isto levou o dirigente associativo a considerar que o setor enfrenta uma “situação de desespero nunca vivida”, necessitando de apoio do Governo “para que a atividade do mundo rural alentejano possa continuar a produzir”.
“Seria bem-vinda uma ajuda extraordinária, porque a situação que vivemos é grave. Isto pode ser o fim do sequeiro e da pecuária em extensivo”, disse.