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Incêndios/5 anos: Mata do Sobral na Lousã renasce lentamente após destruição

A Mata do Sobral, no concelho da Lousã, vai recuperando lentamente passado cinco anos do incêndio de 15 de outubro de 2017, que destruiu totalmente um povoamento de 500 hectares constituído por sobreiros, medronheiros e carvalhos.

Situada na freguesia de Serpins, próximo da localidade de Prilhão, onde teve início o fogo que se estendeu a nove concelhos da região Centro, a mata recebeu várias intervenções nos últimos anos que permitiram recuperar cerca de 100 hectares de floresta.

“O município da Lousã tem participado nas intervenções, em conjunto com os Baldios de Serpins e a Junta de Freguesia, que é a entidade gestora, e com o Instituto da Conservação da Natureza e Floresta (ICNF), que continua a intervir naquele espaço”, disse à agência Lusa o vereador Ricardo Fernandes, responsável pelo pelouro dos recursos naturais (floresta e linhas de água) e desenvolvimento rural.

Segundo o autarca, logo após o incêndio, a autarquia avançou com um projeto de estabilização de emergência para recuperação das linhas de água de acesso ao rio Ceira, que é afluente do Mondego, num investimento superior a 180 mil euros, financiado pelo Programa de Desenvolvimento Rural 2020.

Numa segunda fase, adiantou Ricardo Fernandes, foram recuperadas as margens do rio Ceira junto a Serpins e nas freguesias de Casal de Ermio e Foz de Arouce, com o corte do material queimado e a plantação de espécies ripícolas.

No âmbito de uma candidatura ao Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR) que já existia, mas que teve de ser reformulada no pós-incêndio, realizou-se um outro projeto, também já finalizado, que incidiu no combate às espécies infestantes em 75 hectares e recuperação do património ambiental, com o adensamento de uma área de 35 hectares com sobreiro e medronheiro, num investimento de quase 400 mil euros.

Apesar de as chamas terem devastado toda a área da Mata do Sobral, tem-se assistido à regeneração natural das espécies, sublinhou o vereador Ricardo Fernandes, que salientou a resiliência daquelas espécies que estão a rebentar.

Paulo Simões, presidente da Junta de Freguesia de Serpins, entidade que gere a Mata do Sobral, pertencente aos baldios daquela freguesia, confirmou à agência Lusa a regeneração natural da área, referindo que está a ser retirada a cortiça dos sobreiros para que “não morram e possam continuar a sua produção”.

“É um trabalho que está a ser feito de forma gradual, pois tivemos aqui alguns contratempos, com a tempestade Leslie (2018) e depois a pandemia da covid-19, que não deixou fazer nada nessa altura e veio atrasar os trabalhos, que, entretanto, já foram retomados”, disse.

O autarca queixou-se da proliferação das espécies invasoras, “que é um problema da mata”, embora os trabalhos para a sua erradicação continuem, nomeadamente com iniciativas que envolvem grupos de voluntários.

“Vamos continuar a trabalhar para que aquele espaço continue a ser preservado, tanto ou mais do que estava antes do incêndio, mas pelo menos como estava antes”, sublinhou.

O ICNF, que participou nas intervenções já realizadas, continua ainda no terreno a efetuar ações de limpeza com as equipas de sapadores florestais, no âmbito do serviço público que têm de prestar anualmente.

De acordo com o município da Lousã, a Mata do Sobral é uma zona florestal de grande valor botânico e um refúgio para muitas espécies características da flora mediterrânica original, integrada na Rede Natura 2000.


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