Na Barragem do Carril, em Tomar, o uso abusivo e descontrolado da água está a gerar receios aos agricultores que apelam por uma gestão urgente.
A obra de aproveitamento hidroagrícola do Carril foi inaugurada no início do século no concelho de Tomar. Com a implantação de uma rede de rega que abrange 400 hectares e mais de 500 explorações agrícolas, são maioritariamente os pequenos proprietários que beneficiam deste recurso.
É o caso de Alice Marques. A agricultora refere que a “água chegou para as culturas que tínhamos instaladas”, mas com a seca e a necessidade de continuar a regar culturas como o milho, em junho a situação alterou-se.
“O consumo aumentou (…) as terras estavam secas, havia a necessidade de regar, as áreas semeadas eram mais ou menos as mesmas, mas a água disponível não foi reposta devido à seca por falta de chuva” explica a utilizadora.
O cenário de escassez fez espoletar críticas sobre o uso abusivo da água, uma vez que o canal de rega entra também pelos quintais de proprietários não agrícolas.
Do projeto à obra
O projeto inicial da barragem previa a constituição de uma junta de agricultores responsável pela sua gestão, mas as consecutivas divergências levaram a que o plano nunca fosse cumprido.
Alice Marques explica a “necessidade urgente de criar uma entidade gestora deste empreendimento porque ele é muito importante para as pessoas que vivem aqui” e faz parte dos rendimentos de várias pessoas.
A SIC contactou o Ministério do Ambiente que respondeu explicando que a atual gestão da água cabe à Direção de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, a quem está concedida uma concessão para a captação para rega. Também refere que não tem conhecimento de situações de uso abusivo da água e que, sendo a obra domínio público do Estado, não se encontra prevista a sua privatização.
Em agosto, a Barragem do Carril foi reclassificada em Diário da República como “de interesse local com elevado impacto coletivo”, devido à necessidade de adequar o seu modelo de gestão. No entanto, até agora a gestão permanece incerta para quem todos os dias abre a torneira, e os agricultores ponderam o cultivo de certas culturas no próximo ano.