A afluência de timorenses a Serpa, no distrito de Beja, está a diminuir e no pavilhão de feiras, onde foram realojados de emergência quase 40, já só restam 14, revelou hoje o presidente da câmara municipal.
Em declarações à agência Lusa, o autarca de Serpa, João Efigénio Palma, indicou que no pavilhão municipal de exposições da cidade alentejana, onde começaram a ser realojados imigrantes timorenses em agosto deste ano, ainda “continuam 14”.
“Estamos a aguardar que as entidades competentes, nomeadamente a Segurança Social, resolvam o problema e há como que um compromisso assumido de, até ao dia 01 de novembro, conseguirem tirar as pessoas do pavilhão”, adiantou.
Segundo o presidente do município, a autarquia de Serpa precisa daquele espaço para “começar a desenvolver atividades”, como a preparação do pavilhão para a realização da Feira do Queijo, que, habitualmente, se realiza em fevereiro.
O autarca precisou que alguns timorenses saíram do pavilhão do município e foram instalados numa residência da Cáritas de Beja, no âmbito de um protocolo com a Segurança Social, referindo que outros terão ido para Lisboa pelos próprios meios.
“Há uma diminuição de pessoas alojadas no pavilhão, mas, de resto, mantém-se tudo na mesma”, pois os timorenses que chegaram a Serpa e ficaram alojados em casas veem-se “a deambular os dias inteiros pela cidade, sem trabalho”, sublinhou.
Estimando que se mantêm em Serpa cerca de uma centena de timorenses, João Efigénio Palma assinalou, porém, que já não tem notado nem tem indicações de que continuam a chegar imigrantes oriundos de Timor-Leste à cidade.
“Não se nota aquele movimento que se notava no centro de transportes rodoviários”, disse.
De acordo com o autarca, alguns dos timorenses que estão em Serpa já conseguiram começar a trabalhar na zona, mas a maioria continua sem perspetivas de trabalho.
“A prestação de trabalho nas explorações agrícolas está muito baseada em empresas de prestação de serviço ou de trabalho temporário e essas empresas já têm os seus angariadores e tudo estabelecido e não é fácil pegarem nesta mão-de-obra”, vincou.
Perante o que considerou ser a falta de condições em que se encontram muitos trabalhadores imigrantes no Alentejo, o presidente da Câmara de Serpa defendeu a criação de medidas que permitam que as pessoas “tenham dignidade nas condições de vida e nas condições de trabalho”.
“Podemos resolver momentaneamente a situação dos timorenses, mas vamos continuar com imigrantes a viverem em condições indignas e desumanas e para isso também tem que haver uma atitude da parte das autoridades e dos governantes”, acrescentou.
Na terça-feira, a secretária de Estado da Igualdade e Migrações revelou à Lusa que o Alto-Comissariado para as Migrações (ACM) identificou 825 cidadãos timorenses a viver em Portugal em situação de vulnerabilidade e quase 500 foram realojados em várias localidades do país.
A falta de trabalho em Timor-Leste está a provocar um êxodo de trabalhadores, com Portugal a tornar-se um dos principais destinos, uma vez que não necessitam de visto por um período de 90 dias.
Uma procura que está a levar ao aparecimento de agências e de anúncios a tentar enganar jovens timorenses, a quem são cobradas quantias avultadas com a promessa de trabalho ou vistos.
Os timorenses que chegam a Portugal são sobretudo homens, jovens, com poucas qualificações e sem dominarem o português.
Desde março e até 11 de outubro, entraram em Portugal 4.721 timorenses e saíram 4.406, segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).