tractor farming

E os vencedores são…

O Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola distinguiu seis projetos de um total de 12 finalistas escolhidos pelo júri. No decorrer da cerimónia foi atribuido ainda o Prémio Born from Knowledge, da responsabilidade da Agência Nacional de Inovação.

Já são conhecidos os vencedores da nona edição do Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola nas quatro categorias a concurso: Digitalização e Automação; Economia Circular e Biotecnologia Sustentável; Alimentação, Nutrição e Saúde; e Promoção da Inovação. Os nomes foram revelados por Sílvia Alberto, que não deixou de sublinhar “a qualidade e inovação dos projetos que surpreende todos os anos”, sendo que “nem a pandemia travou o avanço tecnológico, a inovação e a curiosidade de todos para tentar encontrar soluções que fossem proveitosas”. Cada projeto vencedor levou para casa um cheque de 5 mil euros, tendo sido ainda atribuída uma menção honrosa no valor de 2.500 euros.

Farmoo: apoio à decisão

Na categoria Digitalização e Automação, o vencedor foi o projeto Farmoo, um software de apoio à decisão para agricultores que emite recomendações hídricas para as suas culturas. Trata-se de uma ferramenta que incorpora um algoritmo de recomendação de rega, desenvolvido com base em dados meteorológicos locais (sensores Internet of Things – IoT instalados localmente), previsão meteorológica (através de estações meteorológicas na rede) e dados de imagens satélite de alta resolução (3 metros). O software permite poupanças de água significativas, assegurando ainda, em alguns casos, aumentos de produção devido à maior eficiência de rega.

Bruno Fonseca, co-founder & CEO do projeto Farmoo, explicou ao Jornal de Negócios que a opção de concorrer ao prémio tem a ver com “o prestígio que este acarreta, mas sobretudo a mensagem que o mesmo procura passar ano após ano”. Na verdade, este “é dos prémios mais antigos e que de forma sistemática tem sabido reconhecer os projetos mais inovadores num setor que ainda hoje é percecionado por muitos como conservador e pouco propenso à tecnologia”. Diz Bruno Fonseca que, nesse sentido, esta “é uma iniciativa que não só procura combater essa perceção externa, como vincula nos próprios agentes de mercado uma ideia de que há sempre algo de novo a acontecer”. Dá a ideia clara “de que o setor está vivo, pujante e sempre à procura de soluções para se reinventar”. O co-founder e CEO não deixou de sublinhar a mais-valia por ter estado “na cerimónia de entrega de prémios e ver equipas universitárias, cheias de garra e esperança, a apresentar os seus projetos inovadores”, algo que lhe fez sentir “que o setor tem futuro e que se recomenda”.

No caso do Farmoo, em particular, e “para além do prémio monetário” esta distinção torna-se importante porque reconhece “a importância da problemática que temos estado a enfrentar de forma cada vez mais evidente”. Diz Bruno Fonseca ser “premente reforçar-se a mensagem de que a água é efetivamente um recurso precioso, escasso e que por isso mesmo é importante o reconhecimento de empresas como a Agroop”. Falamos de “empresas que se preocupam com a sustentabilidade dos recursos hídricos e que por isso querem contribuir para uma rega inteligente, mais precisa e que se repercuta em poupanças significativas de água, mas também em energia”. Bruno Fonseca não deixa assim de agradecer este reconhecimento, ao mesmo tempo que enfatiza “o sentido de responsabilidade que a partir de agora é ainda maior”.

Além do projeto Farmoo, que chega de Évora, foram ainda finalistas nesta categoria, o projeto D-Pico, um micro-robot móvel desenhado para realizar a desmatação de terrenos, e o Sistema Autónomo para a Colheita de Framboesa para o Mercado de Frescos, um projeto que faz uso de robótica, inteligência artificial e automação para integração de tecnologia autónoma no processo de colheita de framboesa fresca usando 87% menos recursos humanos.

Phos2Recycle: nova vida às águas residuais

Na categoria Economia Circular e Biotecnologia Sustentável, a distinção este ano foi para o projeto Phos2Recycle – Phosphorus Biofertilizers. Trata-se de trabalhar no desenvolvimento de algoritmos matemáticos que preveem com alta precisão as transformações físicas, químicas e biológicas que ocorrem em estações de tratamento de águas residuais (ETAR).

Estes algoritmos foram incorporados numa ferramenta digital que permite, de forma muito mais rápida do que o olho humano e mais fiável do que outras ferramentas digitais existentes, avaliar o potencial de recuperar um dos produtos essenciais à produção de alimentos a partir de resíduos municipais/industriais: o fósforo na forma de biofertilizantes. A ferramenta permite ainda fazer o design/otimização do processo de recuperação destes biofertilizantes, e reduzir os poluentes na água tratada, de forma que se possa reaproveitar esta água para rega de campos agrícolas.

Jorge Santos, CEO da AquaInSilico, que desenvolveu o projeto, explicou que o trabalho cabe a uma equipa de investigadores universitários sendo que o objetivo passa por “levar o projeto para países que passam por períodos de escassez hídrica”. Diz que concorreram por acreditar que estes serviços “podem revolucionar o setor do tratamento de águas residuais e gestão de resíduos”.

Assim sendo, este prémio surgiu como “a oportunidade ideal de divulgar a nossa tecnologia junto do setor agrícola e mostrar que as ETAR podem ser uma resposta à atual crise de escassez de água e de fertilizantes, que tem provocado prejuízos avultados na agricultura”. Jorge Santos diz acreditar que “a agricultura pode ser a área que mais vantagens aufere do tratamento eficiente de águas residuais e resíduos, uma vez que um tratamento eficiente leva a uma maior disponibilidade de água para rega, de fertilizantes e também de energia, reduzindo os custos para os agricultores”.

Em termos futuros, a principal pertinência desta distinção “prende-se com o reconhecimento da […]

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