Quase oito milhões de pessoas no Sudão do Sul, dois terços da população, estão em risco de insegurança alimentar e de fome, advertiram as Nações Unidas, num relatório conjunto de três agências da instituição divulgado hoje.
“A fome e a subnutrição estão a aumentar nas zonas afetadas pelas cheias, secas e conflitos no Sudão do Sul, e algumas comunidades estão em risco de morrer de fome, a menos que a assistência humanitária seja sustentada e que as medidas de adaptação climática sejam reforçadas”, diz o relatório.
O relatório conjunto da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do Programa Alimentar Mundial (PAM) afirma que a proporção de pessoas que enfrentam elevados níveis de insegurança alimentar e subnutrição “nunca foi tão elevada”, excedendo mesmo os níveis verificados durante o conflito no país entre 2013 e 2016.
De acordo com o relatório, 7,76 milhões de pessoas estão em risco de vir a sofrer de insegurança alimentar aguda durante a próxima estação seca, entre abril e julho próximos, e 1,4 milhões de crianças sofrerão de subnutrição.
O relatório atribui a uma combinação de fatores – conflitos, más condições macroeconómicas, fenómenos climáticos extremos e custos da alimentação e combustível em espiral, bem como à redução do financiamento de programas humanitários – a responsabilidade pelo atual estado de coisas.
“Temos estado em modo de prevenção da fome durante todo o ano e evitámos os piores resultados, mas isto não é suficiente”, afirmou Makena Walker, diretora do PAM para o Sudão do Sul, citada numa declaração de divulgação do trabalho.
“O Sudão do Sul está na vanguarda da crise climática e, dia após dia, as famílias estão a perder as suas casas, gado, campos e a esperança, devido a condições meteorológicas extremas”, acrescentou.
A fome foi declarada no Sudão do Sul em 2017 nas regiões administrativas de Leer e Mayendit, áreas que têm sido frequentemente palco de violências.
O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) estimou, por outro lado, no mês passado que cerca de 909.000 pessoas foram afetadas pelas chuvas torrenciais e cheias consequentes que destruíram culturas e casas no país mais jovem do mundo.