As secas em África tornaram-se mais frequentes, intensas e generalizadas nas últimas quatro décadas, de acordo com uma nova investigação divulgada hoje pela organização não-governamental WaterAid.
Dacar, 03 nov 2022 (Lusa) – As secas em África tornaram-se mais frequentes, intensas e generalizadas nas últimas quatro décadas, de acordo com uma nova investigação divulgada hoje pela organização não-governamental WaterAid.
Segundo a investigação, encomendada pela WaterAid, uma equipa de cientistas das universidades de Bristol e Cardiff, no Reino Unido, descobriu que a África Oriental, Austral e Central são as zonas principais críticas com secas cada vez maiores.
“Houve um aumento no número de meses secos e muito secos do ano nestas regiões africanas, bem como um aumento na percentagem da massa continental que sofreu seca entre 1983 e 2021”, lê-se no comunicado divulgado pela WaterAid.
Segundo a investigação, os cinco países mais afetados pela seca são Somália, Sudão, África do Sul, Sudão do Sul e Namíbia, que já estão em situação de escassez de água devido à aridez de suas terras.
No entanto, em zonas húmidas como a República Democrática do Congo (RDCongo), a República Centro-Africana (RCA) e os Camarões, observa-se também “uma tendência preocupante”.
“Embora estes países recebam grandes quantidades de precipitação a cada ano, as suas populações podem sofrer um impacto maior da seca na próxima década se a atual tendência continuar”, salienta a WaterAid.
Além disso, países como África do Sul, Namíbia e RDCongo registaram um aumento de até 40% na sua massa continental afetada pela seca na última década, em comparação com as três anteriores.
As tendências de seca recentemente identificadas, provavelmente relacionadas com as mudanças climáticas, exacerbarão ainda mais os desafios enfrentados pelas comunidades urbanas e rurais na África, advertiu a organização.
A investigação também revela que alguns países estão a mostrar tendências opostas com inundações mais frequentes, como acontece em Angola, Quénia, Etiópia e Nigéria.
Países como Senegal, Burkina Faso e partes de Mali e Níger ficaram mais húmidos entre 1983 e 2021.
“As pessoas mais vulneráveis às mudanças climáticas já estão a morrer por falta de comida e água potável. O mundo pode e deve reverter essas circunstâncias mortais”, afirmou o diretor geral da WaterAid no Reino Unido, Tim Wainwright, citado no comunicado.
A publicação do relatório acontece dias antes da reunião dos líderes mundiais na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), a realizar entre 06 e 18 de novembro no Egito.