No passado dia 4 de novembro, o Centro PINUS esteve em Trancoso e participou no 2.º seminário nacional de fitossanidade florestal, a convite da Associação de Produtores Florestais Alto da Broca.
O objetivo dos promotores do evento foi disseminar informação sobre a proteção sanitária de pinhais, de forma a implementar uma estratégia local de ação que dê resposta ao aumento de árvores com sintomas observado na região.
O INIAV, a UTAD, o ICNF e a Forestis – associados do Centro PINUS – também participaram no seminário que contou com 40 a 60 participantes e foi integrado no certame “Festa da Castanha”.
Os especialistas convidados recordaram que a observação de árvores com sintomas pode não significar a presença do Nemátodo da Madeira do Pinheiro que apenas pode ser confirmada por análise laboratorial.
Foi transmitido, ainda, que a ação mais importante para manter a sanidade do pinhal é o abate rápido de árvores com sintomas com a gestão dos sobrantes resultantes, como a sua queima, já que o inseto que transmite a doença se concentra na copa. Lembrou-se, também, que os meses mais frios do ano são os ideais para esta ação, assim como para o transporte da madeira com menor risco de propagação da doença.
Susana Carneiro, Diretora Executiva do Centro PINUS, fez parte do painel de oradores com a apresentação “Utilização de madeira de árvores com sintomas”, em que explicou que não existem evidências científicas de que o Nemátodo da Madeira do Pinheiro afete as propriedades mecânicas da madeira de pinheiro-bravo e que, como tal, a presença de Nemátodo, isoladamente, não justifica a desvalorização comercial da madeira de pinho.
Para saber mais, consulte o PINUSPRESS 30.
Susana Carneiro referiu, ainda, que a principal dificuldade de valorização comercial da madeira proveniente de árvores com sintomas pode residir em ter para oferta de mercado uma quantidade de madeira suficiente e geograficamente próxima para viabilizar o seu escoamento comercial. A situação mais frequente é o surgimento de algumas árvores com sintomas, dispersas pelo povoamento, durante alguns anos e, nesta situação, o custo das operações de corte e rechega é mais elevado, podendo a receita obtida ser insuficiente para as custear.
Ainda na apresentação da porta-voz do Centro PINUS foram apresentadas várias soluções possíveis que poderão ser implementadas, tais como:
– a oferta de madeira para autoconsumo de entidades ou indivíduos locais acompanhada de campanha de sensibilização e informação local;
– a alocação de recursos locais como equipas de sapadores florestais com capacidade para abate de árvores;
– a oferta agregada de madeira de vários produtores florestais ou parcerias estáveis com consumidores de madeira com equipas de exploração ou madeireiros que, além de cortes finais ou desbastes com valor comercial, realizam cortes comercialmente menos lucrativos que são “compensados” numa relação de longo prazo com benefícios mútuos.
Após as apresentações, teve lugar um debate em que se abordou a necessidade de haver maior conhecimento sobre sanidade florestal e a legislação aplicável e, igualmente, a necessidade de prestar um maior apoio aos produtores florestais sobre como atuar nos diferentes casos.
O debate expôs, ainda, a desadequação dos atuais incentivos públicos à pequena propriedade, nomeadamente do PDR2020 e, por sua vez, as consequências, de que é exemplo a ausência de gestão ativa que se reflete também em questões de sanidade.
Consulte e faça download aqui do Guia Técnico “Boas Práticas Fitossanitárias em Pinhal”, disponibilizado gratuitamente pelo Centro PINUS.Veja ou reveja neste vídeo, a explicação do investigador Edmundo Sousa sobre o caso de Tróia, região em que há mais de 20 anos o pinhal convive com esta doença, mas que hoje em dia afeta cada vez menos árvores.
Na fotografia: Luís Braga da Cruz e Rosário Alves (Forestis), Cristóvão Santos (Presidente da Associação de Produtores Florestais Alto da Broca), Edmundo Sousa (INIAV), Susana Carneiro (Centro PINUS) e José Manuel Rodrigues (ICNF).