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COP27: Relatório da ONU diz que melhorar a cadeia de frio é crucial para o clima e a fome

Melhorar a cadeia de frio nos países em desenvolvimento é “crucial” para a proteção do clima e o combate à fome, podendo aumentar a receita dos pequenos agricultores, revela hoje um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU).

“A maioria dos países em desenvolvimento sofre de falta de refrigeração, especialmente nas zonas rurais”, afirmou à AFP o diretor adjunto da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Zitouni Ould-Dada.

Segundo o responsável, melhorar a cadeia de frio nos países em desenvolvimento tem, por isso, “um grande potencial”.

“Os países em desenvolvimento poderiam poupar 114 milhões de toneladas de alimentos por ano se tivessem o mesmo nível de infraestruturas para a cadeia alimentar de frio que têm os países desenvolvidos”, estimam a FAO e a ONU num relatório conjunto publicado à margem da cimeira do clima COP27.

Apesar de a fome ter afetado 828 milhões de pessoas em todo o mundo no ano passado, o relatório observa que 14% dos alimentos foram perdidos antes de chegarem ao consumidor. A ausência de uma cadeia de frio eficaz é um dos maiores contributos para o problema.

Uma melhor refrigeração “tem benefícios não só para o ambiente, como também para o rendimento dos agricultores” que podem “armazenar alimentos durante um certo período para os utilizar ou levar para os mercados”, observa Zitouni Ould-Dada.

A questão é também climática, uma vez que os resíduos resultantes destes alimentos emitem metano, um gás com efeito de estufa, bastante poluente e nocivo para o clima. Limitar estas perdas reduz, automaticamente, as grandes emissões do setor agrícola na atmosfera.

As emissões relacionadas com a falta de refrigeração atingiram o equivalente a um giga tonelada de dióxido de carbono (CO2) em 2017, cerca de 2% do total das emissões de gás com efeito de estufa.

A redução do desperdício alimentar poderá ter um efeito “positivo” nas alterações climáticas, desde que as novas infraestruturas de refrigeração sejam energeticamente eficientes, não usem gases nocivos e sejam alimentadas por fontes de energia de origem renovável, sublinham os autores no relatório.

No documento, os autores fazem ainda uma série de recomendações técnicas, dando exemplos de iniciativas que tem funcionado, como o projeto ‘ColdHub’ na Nigéria, onde armazéns frigoríficos alimentados por energia solar foram colocados à disposição de agricultores e comerciantes.

Em 2020, 54 infraestruturas deste género permitiram que 42.000 toneladas de alimentos fossem poupadas de ser deitadas ao lixo.


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