Quem o diz são os agricultores, e atribuem-no ao investimento em tecnologia e inovação a partir dos fundos europeus. Mesmo com uma guerra no ‘celeiro da Europa’, o sector considera-se resiliente.
Nas últimas décadas, a crescente importância atribuída à proveniência dos alimentos consumidos e ao modo como são produzidos tem levado ao desenvolvimento de sistemas agrícolas sustentáveis que minimizam o impacto da produção alimentar no ambiente, ao mesmo tempo que garantem maior segurança alimentar. A agricultura portuguesa não é uma exceção. Aliás, os agricultores portugueses acreditam que Portugal está “na primeira divisão da agricultura sustentável”, conforme refere ao Jornal Económico Luís Mira, o secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), fruto do investimento que se tem realizado em tecnologia e inovação a partir da Política Agrícola Comum (PAC).
“O grande mérito da PAC é o de, precisamente, garantir aos consumidores europeus o abastecimento de alimentos seguros e produzidos de forma sustentável, a preços acessíveis”, salienta Luís Mira. Também Jorge Henriques, presidente da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA) considera que “o país tem efetivamente acompanhado os movimentos da União Europeia e respondido para que a competitividade da indústria corresponda às necessidades de Portugal”. Tal não impede, contudo, que a nível comunitário se tenham dado “passos maiores que a perna” nalgumas áreas, pois andou-se “mais rápido do que aquilo que a ciência e a tecnologia permitem, o que implicou custos adicionais experimentais”.
Mesmo assim, o caminho até agora percorrido permite que hoje os agricultores consigam produzir muito mais com os mesmos recursos. “A utilização de inteligência artificial e de novas tecnologias (como os drones, sondas, máquinas sem condutor, satélites, etc) é uma realidade transversal a um sector cada vez mais produtivo e sustentável, que integra novos profissionais, mais qualificados, com mais competências tecnológicas, que têm vindo a aplicar modelos de gestão altamente profissionais à atividade”, diz Luís Mira.
Já a DGADR – Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural destaca que a evolução de Portugal ao nível da agricultura sustentável tem beneficiado de iniciativas como a estratégia “do prado ao prato” – uma das principais ações do Pacto Ecológico Europeu, apresentado em dezembro de 2019 – que pretende reduzir para metade a utilização de pesticidas e fertilizantes e a venda de agentes antimicrobianos, aumentar a percentagem de terras agrícolas consagradas à agricultura biológica, entre outros. No que ao último objetivo diz respeito, houve um crescimento de mais de 300%, entre 2016 e 2021, da área total em agricultura biológica para 768.800 hectares em 2021, e mais do triplo do número de operadores biológicos para 14.121, avança. Também a produção […]