Entre os cidadãos resgatados havia quem ganhasse entre 5 a 10 euros por semana e tivesse que mendigar, conta fonte ligada ao processo.
Mais de 70 pessoas a dormir num alojamento com uma única casa-de-banho, colchões nas próprias casas-de-banho, colchões amontoados em várias divisões; algumas pessoas a ganhar entre 5 a 10 euros por semana que eram forçadas a mendigar para conseguirem sobreviver.
Esta é a descrição feita ao PÚBLICO por uma fonte próxima do processo sobre a situação dos trabalhadores imigrantes resgatados esta quarta-feira no Alentejo, em várias localidades – uma operação da Polícia Judiciária, no âmbito de um inquérito do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, que envolveu 400 operacionais.
Segundo o PÚBLICO apurou, quando era necessário, os membros da rede recorreriam à ameaça física e psicológica tanto dos trabalhadores que exploravam em Portugal como das suas famílias, que se encontravam nos respectivos países de origem, fazendo os imigrantes viver num permanente clima de medo e terror. Por vezes, a intimidação era feita com armas de fogo e os mais contestatários eram forçados a mendigar para sobreviver.
Fonte próxima do processo sublinhou que a prioridade foi realojar estes cidadãos, alegadas vítimas nepalesas, moldavas, timorenses, romenas e ucranianas, entre outras nacionalidades. Uma outra fonte adiantou, contudo, que a maior parte dos cerca de 200 imigrantes explorados optou por permanecer no Alentejo e continuar a trabalhar nas propriedades agrícolas onde já prestavam serviços. É que quem os explorava eram os intermediários, agora detidos, e não os empregadores finais.
Os imigrantes estavam nas mãos de uma rede em que a cúpula era uma estrutura familiar, de origem romena, que contava com cidadãos de outras nacionalidades, incluindo, pelo menos, meia dúzia de portugueses com posições menos importantes. Alguns são encarregados de explorações agrícolas que receberiam contrapartidas para, na selecção da mão-de-obra, dar preferência aos imigrantes explorados por esta rede, o que permitiria aos suspeitos receberem os montantes a que os trabalhadores teriam direito.
Deste rol faz ainda parte uma solicitadora, com escritório em Cuba, que teria a função de criar as empresas de fachada usadas para formalizar os alegados serviços às explorações agrícolas e […]