trabalhadores de estufa

Tráfico de migrantes leva a uma explosão no número de sem-abrigo em Beja

O modelo agrícola no Alentejo está a gerar uma realidade sombria: centenas de pessoas, vítimas das redes de tráfico de mão-de-obra, dormem nas ruas de Beja. O seu número triplicou em dois anos.

De Janeiro a Outubro de 2022, foram sinalizadas pela Cáritas de Beja 279 pessoas sem abrigo na cidade, o triplo do que existia há dois anos, altura em que a mesma instituição sinalizou 88 indivíduos nesta situação. O número foi divulgado na semana passada durante uma conferência para abordar os desafios que estão a ser postos à comunidade alentejana com o surgimento de “centenas de pessoas a dormir nas ruas”. Os trabalhadores explorados pelas redes de tráfico explicam este crescimento, que deverá continuar nos próximos tempos. “Estamos a assistir a uma subida exponencial de sem-abrigo em Beja e a maioria são migrantes”, alerta a organização.

O inquérito de caracterização desta população relativo ao ano de 2020, publicado no portal da Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas em Situação de Sem Abrigo, revelava que “a grande maioria” das pessoas sem abrigo concentrava-se na Área Metropolitana de Lisboa. No entanto, por cem mil habitantes, “a situação mais preocupante é no Alentejo, nos concelhos de Alvito e Beja”, refere aquela organização de assistência. Os números apresentados para os sem-abrigo “não incluem membros da comunidade cigana”, assinala a Cáritas de Beja.

Os sem-abrigo são maioritariamente do género masculino e têm associados problemas de desemprego de longa duração, consumos aditivos, problemas ao nível da saúde mental, alcoolismo. Destes, 153 pessoas estão na condição de “sem casa a viver no espaço público, alojados em abrigo de emergência ou com paradeiro em local precário”, acrescenta a organização de assistência.

“Quando começámos o nosso trabalho de rua para conhecer a realidade dos sem-abrigo, diziam-nos que não os havia em Beja”, comentou Filipa Duarte, que integra a equipa do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem Abrigo (NPISA) da Cáritas que faz o contacto e levantamento dos sem-abrigo. Daí a surpresa ao observarem a quantidade de pessoas a dormir nas ruas da cidade.

Isaurindo Oliveira, provedor da Cáritas Diocesana de Beja, realçou a acção perniciosa das “máfias que aqui […]

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