Alqueva

Subida dos custos da energia provoca défice no Alqueva

O paradoxo revela-se de novo: Alqueva produz energia, mas tem de a comprar a preços elevados para assegurar os fornecimentos de água aos blocos de rega.

O ano hidrológico 2021/2022 terminou no passado dia 30 de Setembro, com um registo histórico: a Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas de Alqueva (EDIA) forneceu cerca de 500 milhões de metros cúbicos de água para regar uma área que se terá aproximado dos 150 mil hectares.

Para distribuir os caudais pelas 69 barragens, reservatórios e açudes do sistema de rega do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA), a EDIA necessita de energia para o funcionamento de 47 estações elevatórias que encaminham a água para abastecer 22 blocos de rega através de 382 quilómetros de rede primária, 1620 quilómetros de condutas na rede secundária. A estes vão juntar-se os novos blocos que integram a segunda fase do Programa Nacional (PN) de Regadios, sete em Beja, cinco em Évora e um em Santiago do Cacém, e que deveriam estar a operar em 2023.

No entanto, durante o primeiro semestre de 2022, “contrariamente ao previsto, não ocorreu qualquer financiamento para o PN Regadios” e o pedido neste sentido apresentado em Janeiro de 2022 pela EDIA “foi recusado”. A empresa aguarda resposta à solicitação que voltou a apresentar em Maio.

A dimensão do empreendimento de rega e os custos energéticos despendidos no funcionamento das redes de rega transformaram a gestão da EDIA num autêntico nó górdio: o de saber onde a empresa vai buscar dinheiro para pagar a electricidade que o sistema necessita para funcionar. No primeiro semestre de 2022, foram consumidos 102.789 MWh, quando em igual período de 2021 este consumo se situou nos 54.992 MWh.

José Pedro Salema, presidente do conselho de administração da EDIA, antecipou ao PÚBLICO que os encargos previstos com o consumo de energia em 2022 podem chegar aos 38 milhões de euros, “um valor bastante superior ao registado no período homólogo”, praticamente o dobro. Só a energia consumida pela central de captação dos Álamos custa 2,2 milhões de euros por mês.

As fortes oscilações nos preços da electricidade acabaram por “influenciar de forma significativa” os resultados da empresa em 2022, devido, sobretudo, à “dependência” que mantém em relação ao sector eléctrico, como está descrito no Plano de Actividades e Orçamento (PAO) para 2023.

Preocupada com o evoluir da situação, a administração da EDIA já comunicou no início de Setembro ao secretário de Estado da Agricultura que “é urgente obter-se uma definição sobre a estratégia de financiamento do défice que resulta dos aumentos dos preços de energia”, propondo “o aumento do tarifário de água”. Mas o accionista Estado “não autorizou” a alternativa apresentada no final de 2021, para fazer face à subida dos gastos com os consumos energéticos. Outra das soluções propostas, o […]

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