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Não faltam alimentos na União Europeia – presidente de comissão do Comité das Regiões

A presidente da Comissão de Recursos Naturais (NAT) do Comité das Regiões, Isilda Gomes, considerou hoje que não faltam alimentos na União Europeia, mas reconheceu que a pobreza está a aumentar devido à especulação.

“A União Europeia é autossuficiente em matéria de alimentos, mas está confrontada com o aumento dos preços dos produtos alimentares e da energia, que estão a contribuir para a espiral da inflação”, alegou.

Na 152.ª sessão plenária do Comité das Regiões Europeu, que decorre hoje e quinta-feira em Bruxelas, Isilda Gomes participou num debate sobre segurança alimentar, onde indicou que a inflação dos produtos alimentares situa-se atualmente em 15,4%.

“Os preços combinados do pão e dos cereais aumentaram 16,6% na área do euro, o aumento mais elevado desde janeiro de 1997. A taxa de variação média mais elevada foi registada na Hungria, seguida da Lituânia, Estónia e Eslováquia”, acrescentou.

De acordo com a também presidente da Câmara Municipal de Portimão, estes números escondem realidades devastadoras.

“Na União Europeia a pobreza está a aumentar. Os agregados familiares pobres, com os rendimentos mais baixos, são os que mais sofrem, uma vez que têm de gastar uma maior parte dos seus orçamentos em produtos básicos como o pão”, admitiu.

Isilda Gomes considerou que é urgente agir para proteger os cidadãos necessitados, utilizando todos os instrumentos à disposição, entre os quais a regulamentação dos mercados.

“Os agricultores e os consumidores europeus necessitam de estabilidade nos preços, teríamos conseguido controlar os preços se a União Europeia tivesse desenvolvido instrumentos sólidos para a regulamentação dos mercados. Não faltam alimentos na Europa, só há especulação”, sustentou.

Ao longo da sua intervenção, a autarca apontou também que a especialização das regiões agrícolas acaba por acentuar a distância entre a produção e o consumo, o que “enfraquece a segurança alimentar e prejudica os recursos naturais”.

“A Comissão Europeia e a Política Agrícola Comum deve reforçar os sistemas alimentares locais. O desenvolvimento de sistemas alimentares locais sustentáveis é a melhor forma de garantir alimentos de qualidade para os nossos cidadãos e um rendimento digno para os nossos agricultores”, referiu.

Para a presidente da Comissão de Recursos Naturais, a concorrência entre a agricultura e os biocombustíveis deve ser imediatamente interrompida.

“Reduzir a nossa dependência de fatores de produção importados, como fertilizantes ou pesticidas, ajuda a aumentar a resiliência do nosso sistema alimentar. O Comité das Regiões Europeu deve denunciar veementemente a instrumentalização da guerra da Ucrânia, que representa uma nova ofensiva política lançada contra a estratégia do prado para o prato”, disse.

A autarca aproveitou ainda para apelar a uma melhor preparação para crises futuras, incluindo as relacionadas com as alterações climáticas e a biodiversidade.

“Temos de implementar uma visão a longo prazo para avançar para sistemas alimentares mais sustentáveis, reforçando simultaneamente a nossa autonomia e resiliência europeia e regionais, através de um paradigma de desenvolvimento agrícola, que incentive formas de agricultura biodiversas, resilientes, sustentais e socialmente justas”, afirmou.


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