Tomate contra o cancro

A nova variedade foi alterada geneticamente para conter os antioxidantes que dão a cor ao mirtilo. Foi aprovado nos EUA, mas não deve chegar à Europa.

É o fruto preferido dos cientistas. O tomate foi o primeiro alimento geneticamente modificado a ser aprovado para consumo humano nos Estados Unidos, em 1994. A variedade Flavr Savr incluía dois genes que inibiam enzimas para adiar o apodrecimento, permitindo que os frutos fossem colhidos maduros e assim chegassem aos supermercados. Porquê o tomate? Porque é o organismo-modelo escolhido pelos biólogos para estudar os mecanismos genéticos do amadurecimento da fruta. Além disso, é um dos frutos mais consumidos no mundo: 40 milhões de toneladas em 2021.

A mais recente variedade é o tomate roxo, enriquecido com 10 vezes mais antocianina, um antioxidante com efeito protetor contra o cancro. O cultivo do fruto foi aprovado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e deve ser comercializado no próximo ano naquele país. O fruto é o resultado de 14 anos de investigação liderada pelos cientistas Cathie Martin e Eugenio Butelli do Centro John Innes, especializado em microbiologia de plantas, em Norfolk, Inglaterra. Os investigadores usaram genes da flor boca-de-leão para multiplicar no tomate o nível de antocianinas, um poderoso antioxidante presente sobretudo em mirtilos, amoras, beringela e couve-roxa. Há já variedades de tomate com pele roxa, mas este também apresenta uma polpa lilás. O objetivo foi criar um alimento com um grau de antocianinas suficiente para ter um efeito anti-inflamatório que reduza as mutações nas células, que podem levar ao cancro. Em laboratório, os resultados são promissores: o grupo de ratinhos propensos a adoecer com cancro que recebeu o suplemento de tomate roxo viveu 30% mais tempo do que o grupo de ratinhos que recebeu suplemento de tomate vermelho.

O tomate roxo não é único. A mesma equipa de cientistas criou um tomate que, depois de seco ao sol, fornece a quantidade de vitamina D presente em dois ovos. “Quarenta por cento dos europeus têm défice de vitamina D, bem como mil milhões de pessoas no mundo”, escreveu a botânica Cathy Martin no estudo publicado na revista Nature. “Nós não estamos apenas a abordar um enorme problema de saúde, mas também ajudamos os produtores, porque as folhas que agora são desperdiçadas podem ser transformadas em suplemento.” É que a vitamina D também está presente nas folhas.

Arroz dourado
Mais: no ano passado, […]

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