A Associação Apícola de Entre Minho e Lima (APIMIL) vai distribuir no sábado aos seus associados uma lâmina criada e produzida no Alto Minho que pretende revolucionar o setor, constituindo-se como uma alternativa aos quadros de madeira tradicionais.
Em declarações hoje à agência Lusa, o presidente da APIMIL, Alberto Dias, adiantou que a nova lâmina, criada e produzida no Alto Minho, pode ser a “salvação” de um setor que enfrenta várias “adversidades como a praga da vespa velutina, as alterações climáticas, os incêndios rurais ou a escalada dos preços dos fatores de produção”.
Atualmente os quadros de madeira das colmeias onde as abelhas produzem o mel são banhados com cera processada. Com a nova lâmina alveolada o apicultor vai poder utilizar cera virgem, produzida pelas suas próprias abelhas e em menor quantidade.
Ao utilizar menos cerca, o apicultor “poderá ter uma nova linha de negócio, passando de consumidor a produtor de cera virgem [sem qualquer tipo de contaminação]”.
“Em vez de sermos importadores de produtos [cera processada], muitas vezes sem certificação, a partir daqui somos nós exportadores de um ótimo produto e a termos uma mais-valia. O apicultor passa a ser vendedor, em vez de importador”, destacou o presidente da APIMIL, associação com cerca de 200 apicultores associados.
Alberto Dias destacou ainda as vantagens “sanitárias” da utilização da nova lâmina porque ao produzir cera para se autossustentar, o apicultor está a contribuir para a redução da introdução de doenças na colmeia e, por consequência, para a qualidade do mel.
“Ao utilizar a sua cera, o apicultor não deixa resíduos no produto [mel]”, defendeu, referindo-se à facilidade de substituição de ceras.
Com o novo dispositivo “deixa de ser necessário o uso do arame [utilizado nos quadros de madeira tradicionais], poupando tempo e dinheiro ao apicultor”, disse.
As lâminas, registadas pela Sociedade Apícola do Vez, são produzidas em polipropileno por uma empresa de transformação de plástico instalada em Vila Nova de Cerveira, de acordo com as diretivas da União Europeia.
“É um produto que resulta de uma parceira entre a APIMIL, a Sociedade Apícola do Vez e a CPLAS, uma empresa de transformação de plástico, situada no Alto Minho. É reutilizável, duradoiro e reciclável, e tem como missão tornar a apicultura mais rentável, facilitar a vida ao apicultor, e garantir a ausência de doenças e produtos indesejáveis para as abelhas, mas com o cuidado que o ambiente e os produtos alimentares exigem nos dias de hoje”, afirmou Alberto Dias.
“É possível remover a cera do quadro através da temperatura e voltar a reutilizar o mesmo quadro”, especificou.
A nova lâmina foi apresentada publicamente pela APIMIL, em novembro, em Santarém, durante o XXI Fórum Nacional de Apicultura Produzida.
No sábado, em reunião com os seus associados marcada para as 14:00 no salão dos bombeiros voluntários de Vila Nova de Cerveira, no distrito de Viana do Castelo, a APIMIL vai distribuir, gratuitamente, uma alça composta por oito lâminas.
“A associação tenta desta forma motivar e modernizar os apicultores do Alto Minho. Inovar no setor com a possibilidade de reconverter e utilizar o material já existente, minimizando custos, é o principal conceito da nova lâmina que é já uma realidade no mercado nacional”, destacou, referindo que a sua utilização já é prática comum nos Estados Unidos.