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No Alentejo, o dilúvio foi um “rio atmosférico” que caiu do céu

Massa de ar húmido causou chuvas intensas e cheias no Alentejo. Num só dia caiu mais chuva na vila de Sousel do que aquela que costuma cair num mês inteiro em todo o distrito de Portalegre.

Não costumamos pensar em chuva quando pensamos no Alentejo, mas esta terça-feira choveu e choveu muito nesta região portuguesa, que por causa do dilúvio ficou inundada em vários pontos. A culpa é de um fenómeno meteorológico que pode ser designado como “rio atmosférico”. Uma grande massa de ar húmido encheu as nuvens de chuva à medida que elas iam passando do litoral para o interior. O resultado foi um temporal que, no Alentejo, foi especialmente grave na vila de Sousel (Portalegre). Aqui, caiu mais chuva em 24 horas do que aquela que, em circunstâncias normais, demoraria todo o mês de Dezembro a cair no distrito de Portalegre (cujos municípios constituem o Alto Alentejo).

Quem o diz é Luís Mestre, fundador da associação amadora de meteorologia MeteoAlentejo, que tem 55 estações meteorológicas espalhadas pela região. O responsável conta ao PÚBLICO que, esta terça, a estação em Sousel registou a queda de 147,3 milímetros (mm) de chuva — ou 147,3 litros de chuva por cada metro quadrado de território.

A MeteoAlentejo baseia-se em dados das três estações meteorológicas que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) tem no distrito de Portalegre para perceber quais são as médias mensais de precipitação no Alto Alentejo. Para o mês de Dezembro, a média, referente ao período de 1971-2000, é de 136 milímetros, diz Luís Mestre, que vai mais longe. “Se formos à janela temporal 1981-2010, a média é ainda mais baixa: 128,3 milímetros.”

Sousel e Marvão (135,6 mm) foram as duas localidades alentejanas que esta terça bateram a marca dos 128,3 mm. Outras regiões onde o dilúvio foi muito expressivo incluem Arronches (114 mm), Castelo de Vide (115,8 mm), Fronteira (114,3 mm) e Monforte (106,6 mm).

Estes são os sítios onde as estações meteorológicas da MeteoAlentejo registaram números acima dos 100 mm. Para estas, os valores deste marcante 13 de Dezembro constituem recordes diários, mas importa dizer que 51 das 55 estações da associação amadora de meteorologia foram instaladas nos últimos dois anos, pelo que não há uma imensidão de registos.

Em Portugal, preferimos sempre aquilo que custa menos, mas, ironicamente, depois é muito mais custoso reconstruir
Maria José Roxo […]

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