Centenas de animais mortos, cercas e equipamentos agrícolas danificados e barragens para o abeberamento animal com paredões totalmente destruídos são alguns dos prejuízos causados pelo mau tempo no setor da agricultura, no distrito de Portalegre.
Em declarações à agência Lusa, o agricultor Carlos Portela, com uma herdade junto da aldeia de Ouguela, no concelho de Campo Maior, estimou hoje que perdeu, pelo menos, “150 ovinos” na terça-feira, na sequência das fortes chuvadas e das inundações.
“Já recolhi 70 [ovinos mortos], mas são mais. Devem ter morrido à volta de uns 150, por aí”, lamentou.
A subida das águas do rio Xévora, cujo percurso ‘serpenteia’ junto à herdade de Carlos Portela, contribuiu em grande parte para este cenário, segundo o agricultor.
Mas houve outros prejuízos na exploração, nomeadamente danos num trator e no equipamento de rega gota a gota de um olival.
Já no vizinho concelho de Arronches, o agricultor Tiago Velez disse à Lusa que perdeu 50 ovinos na sua exploração, situada junto àquela vila alentejana.
“Perdi vedações, bombas de uma piscina que estávamos a preparar para um turismo rural e registo uma perda de 50 ovinos”, disse.
O agricultor relatou ainda que a casa da herdade, que está em obras, foi invadida pelas águas, tendo provocado vários danos.
“A água entrou, a casa está em obras, estragou tudo. A casa está toda em pladur, os cimentos, a bomba das piscinas, a máquina de sal da piscina, sanitas, lavatórios que estavam comprados para aplicar foram arrastados pela água”, lamentou.
A mesma desolação é partilhada à Lusa pelo produtor pecuário e de cinegética, João Augusto Moura, do concelho vizinho de Monforte, que viu os paredões das suas três barragens para abeberamento animal ficarem totalmente destruídos.
“Não sei como vai ser no verão para o abeberamento animal [porque] rebentaram os três paredões, ficaram partidos ao meio, e a água saiu toda”, relatou.
A chuva intensa e persistente que caiu na terça-feira causou mais de 3.000 ocorrências, entre alagamentos, inundações, quedas de árvores e cortes de estradas, afetando sobretudo os distritos de Lisboa, Setúbal, Portalegre e Santarém.
No total, há registo de 83 desalojados, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), e o mau tempo levou também ao corte e condicionamento de estradas e linhas ferroviárias.